Por Um Lado
A estrela está com Barack Obama. Celebridade quase instantânea, o senador democrata por Illinois decidiu na Segunda Feira que não aceitaria a nomeação no edifício destinado à Convenção Democrata em Agosto. Em seu último dia, Obama pretende retirar-se do Pepsi Center e dirigir-se ao Invesco Field em Mile High, onde poderá discursar para mais de 76 mil espectadores.
Isso só é concebível porque Obama encontrou um status que políticos poucas vezes encontram sem culpa por parte da consciência pública. Como o comediante Robert Wool ensina em seu programa universitário, todo político é uma celebridade, e todo presidente a mais popular de seu período. No entanto, poucos foram os presidentes que causavam desmaios na platéia histérica, ou assediados por pedidos inusitados de autógrafos a cada reles aparição pública.
George Bush, por exemplo, foi filmado descendo de seu helicóptero em Washington, guiado pelos seus agentes secretos, guarda nacional e o exército, dando “tchauzinho” a dois pedestres incautos que, por vez, fingiram nem ter visto, assim deixando o presidente no clássico vácuo.
Já Barack Obama emula a imagem de John F. Kennedy, e não tem medo de atrair fanáticos ao seu abraço público, especialmente no contexto destas eleições de 2008. John McCain jamais faria o mesmo, ainda não assegurado aos olhos de alguns dos mais conservadores companheiros partidários, e certamente desprovido do menor status estelar. Aceitará o discurso como tradicionalmente ocorre em sua própria Convenção Republicana em Setembro.
O senador pelo Arizona ainda deve aprender a discursar, lidar com a tela eletrônica contendo os pontos e vírgulas de seus discursos públicos, e ajeitar sua imagem, suas risadas desnexadas e o tom de sua voz. Obama domina o palco como se tivesse sido treinado por William Shaekspeare.
Por Outro Lado
Seguindo o raciocínio do texto passado, parte do posicionamento de Obama parece contraditório ao que o candidato democrata demonstrou quando começou as campanhas preliminares, o que acarreta um avalanche de argumentos intensos contra o candidato, e acaba desafiando a originalidade do senador.
John McCain e seu campo exploram sua aproximação a decisões de indivíduos altamente criticados pelos liberais, como o juíz Antonin Scalia, conservador ferrenho, cuja posição foi recentemente honrada no efeito da legalização do porte de armas, e desafiada quando a Suprema Corte decidiu que a pena de morte de estupradores de crianças era considerada inconstitucional. Obama posicionou-se contrário à última decisão da Suprema Corte, e favorável à primeira. Faz alguma amizade com a Associação Nacional dos Rifles, o que o campo republicano explora e expressa como uma perfídia à tradição liberal.
Para o democrata, no entanto, não há contradição. Seu campo encontra respostas – boas respostas – para absolutamente tudo. Primeiro, porque Obama já se dizia contrário à pena de morte “salvo em alguns raros casos”. Imitando ao ex candidato à presidência pelo partido republicano e analista político da MSNBC, Pat Buchanan, “quem diria, o estupro de crianças é um desses raros casos”. Respostas similares foram dadas ao caso do direito ao porte de armas, e até mesmo à retirada das tropas do Iraque. Quanto a esse último dilema, o campo de Obama ferrenhamente defendeu a retirada graduativa em 16 meses, mas admitiu que a situação local e as sugestões dos comandantes militares no Iraque pesarão em sua decisão final.
Outra “coincidência” que pesa a seu favor, é que o Conselheiro de Segurança Iraquiano, Mouwaffak al-Rubaie, exigiu em voz oficial que os Estados Unidos, chamados de “tropas estrangeiras”, abandonem ou estabeleçam datas claras ao abandono do país o mais rápido possível.
Gallup
Talvez esse seja o motivo que John McCain siga perdendo nas pesquisas de Julho como Richard Nixon perdia contra Hubert Humphrey em Julho de 1968, eleições vencidas pelo corrupto presidente republicano.
Barack Obama vence por 46-44% de John McCain de acordo com pesquisas postadas no dia 7 de Julho.
RF
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