Thursday, July 10, 2008

Olho no Lance!

Barack Obama 1 x 0 John McCain

Foi nem bola na trave, mas golaço mesmo, com categoria. Talvez as pesquisas ainda não reflitam os acontecimentos dessa semana, porém foi uma “semanassa” para Barack Obama. No primeiro jogo, sua decisão de aceitar a nomeação pelo partido Democrata diante de 75 mil espectadores driblou a zaga da campanha de McCain, tirou o goleiro com corte seco, de futebol de salão, e estancou a bola no fundo da rede como Romário. Gênio da grande área é pouca coisa.


Barack Obama 2 x 0 John McCain

Em uma semana de contradições aparentes, a campanha de Obama precisou esclarecer alguns pontos marcantes para o país a nível social a partir da Terça-Feira, destinada à comunidade latino-americana e ao tema da imigração.

Nesse tema, Obama e McCain tem virtualmente a mesma posição, com a pequena diferença de que o senador pelo Arizona, que lutou para a regulamentação imigratória em 2007, infelizmente escorrida ralo abaixo devido a má formatação de sua proposta, que apoiou a legalização dos indocumentados residentes no país há cinco ou mais anos, agora passa a defender maior segurança nas fronteiras antes de mais nada.

Segundo analistas políticos, McCain faz o caminho inverso. Enquanto suas propostas nas preliminares eram centralizadas (maior apoio a leis ambientais, maior apoio à reforma imigratória e, no passado, contrário aos cortes tributários de George Bush), em sua campanha às eleições gerais o republicano apela mais à sua base e esquiva-se à direita.

Na Terça-Feira, enquanto Obama falava sobre a necessidade de aprender novos idiomas para o próprio desenvolvimento econômico e cultural da nação, a necessidade de manter-se bem informado, bem educado, e de suportar o núcleo familiar, McCain discursava propostas mercantis, econômicas, salientava a guerra no Iraque e Afeganistão, tudo menos direcionar as palavras diretamente a quem ao redor dele se encontrava.

Obama ainda conseguiu cativar sorrisos quando disse aos jovens da população negra que eles provavelmente não jogariam na NBA. “Vocês provavelmente são bem piores do que vocês imaginam, e provavelmente vocês não serão jogadores de basquete profissionais. Provavelmente vocês nem sabem ‘rappear’ tão bem, e talvez algum de vocês será um ‘rapper’ profissional, mas não a maioria. Vocês precisam é estudar.”

O senador por Illinois pediu aos homens da comunidade negra a não abandonar famílias, a prover e providenciar, e a educar suas crianças, entendendo ser esta uma crise social que atinge a população negra em grandes proporções. Isto rende o próximo gol.


Barack Obama 3 x 0 John McCain

Nessa o goleiro do campo de McCain foi desavisado, tipo o cruzeirense contra o artilheiro galo, voltando ao gol e ainda de costas. Foi golaço mesmo assim.

O Pastor Jesse Jackson, controversa figura política, lider e ativista civil pelos direitos da população afro-descendente nos Estados Unidos, foi entrevistado pela Fox News ontem à tarde, e enquanto pensava estar nos comerciais, de microfone desligado, cochichou ao companheiro entrevistado ao seu lado:

“(Barack) fica esnobando a população negra... Quero cortar o saco dele... Barack... Barack fica esnobando a população negra.”

Antes mesmo da Fox News usar o que gravou contra Obama, clamando algo que republicanos têm suado para fazer “grudar” à imagem do democrata, seu elitismo, Jackson pediu desculpas públicas, e foi repudiado por seu próprio filho.

Por fim, o que ocorreu foi a divulgação e propagação de um debate essencial a segmentos negros e brancos do país.

Falar sobre o abandono paterno, algo que estatisticamente afeta mais as classes pobres da população, tornou-se mais importante do que o elitismo de Obama. Representantes republicanos têm sido atacados pela esquerda e pela direita com a pergunta: “Que elitismo é esse? Por que vocês não falam sobre o núcleo familiar das comunidades mais pobres do país? Por que vocês se esquivam do assunto, de modo elitista, e clamam que o elitismo está do lado de quem não ignora os temas das comunidades mais pobres do país?”


Barack Obama 4 x 0 John McCain

Já esse, se os americanos conseguirem o que querem com o “soccer” (futebol), valeria dois pontos. Como repudio essa babaca idéia de atribuir pontos imaginários a um só gol, dou-lhe apenas um golzinho que completa o sorvete de chocolate com a cereja ao topo.

Em uma de suas assembléias abertas dessa semana, McCain conseguiu, através de seus assistentes, encontrar alguém da platéia que potencialmente questionaria suas posições políticas em demasia. Retirou-a do recinto na marra. Quem era essa pessoa e que informações mantinha, não sei por não ter me fixado na notícia.

Ontem, no entanto, em outra assembléia (McCain reúne pessoas em um estádio fechado e responde perguntas abertamente) um veterano levantou excelentes questões em relação ao “recorde perfeito de votos pró-veteranos” que o republicano clama ter. Mencionando apenas alguns de seus votos, comprovou com específicos números e datas que o senador se opôs à extensão de benefícios de seguros de saúde aos veteranos que retornavam do Iraque e do Afeganistão desde 2003 até 2007.

O senador pelo Arizona se irritou, vangloriou-se por receber o apoio de todas as organizações de veteranos existentes, e criticou Jim Webb (senador democrata) por opôr-se a outros votos apoiados por McCain. Por fim, defensivamente disse ao veterano: “Talvez as organizações que me condecoram como o melhor político a favor de suas causas não saibam algo que você sabe.”

Paul Rieckhoff, diretor executivo da organização Veteranos da América no Iraque e no Afeganistão, diz que sua associação não o apóia. Atribui a ele apenas 20% dos votos que verdadeiramente favoreceram veteranos, e 80%, surpreendentemente, a Barack Obama. Além disso, cita outras organizações que não apóaim McCain, apesar de respeitarem seu serviço pessoal no Vietnã.

A semana, pois, foi totalmente parcial a Barack Obama.

RF

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