Al Gore e Barack Obama
Al Gore endossou Barack Obama à presidência dos Estados Unidos na noite de ontem. O apoio, depois de uma intensa estação de primárias na disputa entre Hillary Clinton e o nomeado final do partido, não foi surpreendente, mas pode ser crucial para a vitória de Obama no estado da Flórida.
Gore disse: “Ouçam da minha boca, eleições importam,” referindo-se à sua disputa presidencial no ano 2000 contra George W. Bush. O quadragésimo-quinto vice-presidente da nação argumentou a favor do respeito ao candidato republicano John McCain, dizendo que o senador pelo Arizona merecia ser tratado com dignididade, mas que o país não pode continuar com a mesma filosofia administrativa que Bush usou para governar nos últimos oito anos.
“Quando o campo de McCain diz que Obama é apenas um jovem inexperiente, quem fez esses argumentos primeiro? Pois, esses argumentos foram usados contra um jovem chamado John Fitzgerald Kennedy” pela campanha de Dick Nixon nos anos sessenta, Gore defendeu.
Pode ser o endossamento mais importante para o nomeado democrata, especialmente pela posição traiçoeira do senador pelo Illinois na Flórida.
Gallup e a Economia
De acordo com pesquisas apuradas pela rede MSNBC, John McCain se arrasta bem atrás de Barack Obama na confiança de eleitores nos candidatos em quesitos econômicos. Obama lidera as pesquisas por 52-36%.
Gallup e McCain
O número mágico de 52% também classifica aqueles que não estão satisfeitos com o nomeado do partido republicano para as eleições gerais em Novembro. A pesquisa foi conduzida apenas entre afiliados ao partido conservador.
Judeus e a Flórida
De Marcelo F. Carvalho
Mas "eternizar" a guerra no Oriente não gera cada vez mais ódio ao Ocidente e, por tabela, Israel? Ou há mais benefícios que ônus por baixo desse tapete?
Pois é, Marcelo, mas aí já depende do ângulo que você encarar a história. Há teorias conspiratórias sobre a influência dos Estados Unidos no conflito entre judeus e palestinos, mas tendo vivido em Israel posso dizer que esse ódio é cultural e religioso, duas das bases mais firmes do comportamento humano, se não as mais firmes.
Oficialmente, os Estados Unidos é contra a instalação de novas casas em territórios ocupados ou desejados pelos palestinos, como parte de Jerusalém reservada como a futura capital do Estado Palestino. Oficialmente, nem mesmo o presidente de Israel, seja ele Ehud Olmert ou quem assumir ao futuro, pode admitir que favorece essa expansão.
O problema é tudo o que ocorre atrás das cortinas, e nem todo conhecimento histório e político garantem uma boa resposta. Portanto, não fingirei que posso melhor abordar sua questão. O que posso afirmar é que a intenção oficial dos Estados Unidos não é perpetuar o conflito. Para Barack Obama, a diplomacia serve como firmamento central de sua campanha. Para McCain, a experiência militar é o pilar que o defende e resguarda como excelente concorrente.
Perceba as pesquisas do Gallup: Enquanto a preocupação maior dos eleitores siga sendo a economia, Obama deve vencer. Caso mude para segurança nacional, o candidato democrata terá de suar muito para surrupiar o cargo dos sempre favoritos republicanos em tempos de guerra. Guerras, aliás, que geralmente republicanos começam, que se escreva de passagem.
Abrax, caro Marcelo.
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De Lilith, minha amada e idolatrada, salve-salve:
E como pensa essa desafiadora comunidade judaica da Flórida. Como pensa a comunidade judaica dos EUA? Quais são as principais virtudes e os principais defeitos dos candidatos sob o ponto de vista desses, cujo papel nesta eleição pode ser tão crucial. Fiquei curiosa e acho que, sobre isso, poucos podem responder como voce, né? Beijo, lindo!
Voltando-nos à demografia da Flórida, especialmente, Aventura (distrito local no condado de Dade) é a região que mais têm judeus por quilometro quadrado. New York tem mais judeus do que toda Israel moderna, praticamente. Esses judeus têm visões individuais da sociedade. Há muitos como eu, livres pensadores, não necessariamente atados a nenhuma ideologia e ao mesmo tempo apaixonados pela busca de qualquer verdade, portanto defensores das mais absurdas idéias, não só nos Estados Unidos, mas em Israel. Aqui, nova e especialmente na Flórida, não seria diferente.
Há os religiosos mais fanáticos de todas as facções, geralmente conservadores, o que não difere da maioria das outras religiões. Conservadores tanto em questões morais quanto políticas, e especialmente traumatizados pelo comunismo stalinista, voltam-se contra os liberais, aqui ainda associados com a esquerda, ex-comunistas ou sócio-democratas (o Holocausto foi surreal e desprovido da idéia moderna do que a direita representa, portanto não há ressentimento algum na comunidade judaica contra o mercado livre, a privatização, etc – o nazismo era baseado no nacionalismo irracional, bem como a maiora das religiões).
Há também os sionistas, aqueles que mantém a tradição judaica mais pelas raízes geográficas, principalmente desde o nascimento do estado moderno de Israel. Nesse caso, o próprio nome Barack Hussein Obama é suficiente para alimentar fantasias variadas, como a de que Obama seja muçulmano, educado em uma “madrassa”, e ao mesmo tempo frequentava a igreja de um anti-semita, Jeremiah Wright, por 20 anos, aliado de outro pastor anti-semita, Farrakhan. Fantasias como a de que Obama procura uma aliança com o Irã, e deixando as fantasias de lado, há a noção perfeitamente racional de que ele talvez não esteja sintonizado com os perigos que israelenses – e judeus geralmente têm sempre ligações com Israel – vivem, e israelenses sabem bem do que o “terrorismo” é capaz.
Há também aqueles que sentem ressentimento por experiências racistas em outros estados, como New York e New Jersey, algo ilógico considerando que muitos soldados negros ajudaram esses mesmos judeus e seus descendentes contra os nazistas nos variados territórios ocupados pelos tiranos. Esse ódio, no entanto, é causado pela forte ligação de muitos negros ao islamismo, cristianismo ou protestantismo racial, ou seja, ligado a opressões racistas ocorridas nos Estados Unidos há centenas de anos, refúgios de comunidades que apenas podiam falar entre si na inaceitação supremista dos brancos de épocas.
Barack Obama revelou um pouco do que ocorre nas igrejas negras nos Estados Unidos em seu discurso em resposta a discursos de Wright. Pastores como John Hagee (que endossou John McCain mas foi rejeitado pelo candidato republicano) revelam o ódio racial e social das congregações protestantes brancas, dizendo que New Orleans merecia a destruição que trouxe o furacão Katrina porque era a cidade dos pecados, sendo a cidade do Jazz e Blues (nem preciso dizer mais, né?), e do carnaval caribenho-americano Mardi Gras.
Pois, a comunidade judaica também tem seus demônios e problemas a resolver. Isto não significa que muitos judeus não votarão em Barack Obama, ou que não deixarão de votar por bons motivos. Nós, querida Lilith, somos um povo conhecido pelo nosso intelecto, doa a quem doer, e geralmente gostamos da liderança. Piadinhas a parte, a influência judaica nos Estados Unidos é histórica.
A influência judaica na Flórida não é maior, todavia, do que a dos cubanos ou negros. É apenas uma parte da equação, talvez a parte que Obama tenha maior dificuldade. Vencendo os outros setores, vencerá o estado, mas com cubanos Obama não está em melhores lençóis. Por quê?
Posso até responder, mas precisarei perguntar aos cubanos. Aposto que eles também têm seus demônios, e excelentes argumentos lógicos a favor do adversário.
Beijos, Lilith,
RF
Tuesday, June 17, 2008
Al Gore, Gallup e Respostas
Essas Palavras Vos Trazem
Barack Obama,
Jewish Florida community,
John Hagee,
John McCain,
New Orleans,
Rev. Jeremiah Wright
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4 comments:
Adorei a explicação. Quero saber, claro, quais seriam os demonios dos cubanos no caminho do Obama. Rs. Esses argumentos religiosos ainda são, para mim, um universo completamente surreal. Nós, brasileiros, com DNAs macerados e misturados no pilão, temos mesmo dificuldade de aceitar a verdade como privilégio de um grupo, especialmente de um grupo religioso. Se não nós, brasileiros, eu, brasileira (para não fazer generalizações). Acho que qualquer povo, especialmente os que vivem sob a sombra de perseguições passadas e presentes, deve preferir o estado democrático e estar atento, sempre, aos ditadores. E esses, realmente, podem vir de todos os lados. Direita e esquerda. Chega a ser fascinante ver como grupos de pessoas fazem ponderações diárias sobre assuntos que sequer visitam nossas mentes anualmente... Obrigada! E beijos de volta, amore!
Roy:
Se você perguntar a um homem de Memphis quem está levando sua garota ao baile do Mardi Gras é bem provavel que ele tire do bolso uma rija corda e o enforque na árvaore mais próxima.
***
Tá, não tem nada a ver, eu sei. Mas não me ocorreu nada melhor para escrever. Estava com essa frase na cabeça. É do conto O Boa Vida, do Scott. Achei uma boa ocasião para desová-la. Desculpe o mau jeito.
Um abraço.
Recomendações minhas aos seus.
Passar bem.
Oi, não li a postagem (tou numa lan house e o tempo urge)mas sobre teu comentário lá no refúgio: se você também é macaco no horóscopo chinês e é mais novo que eu então nasceste em 1980 ou 1981... Vem pro colinho, vem nenem, rsrs....
Beijo na bochecha,
coisa mais fofa da titia, rsrsrs.
Royzito...
Pela total incompetência em absorver a política americana, fico na superfície, ok?
Sandra :
também sou macaco. Vocês querem me queimar? não gostaria de ser tia-avó do Roy!
beijos, filhos.
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