A grande mídia atinge a massa com meias idéias superficiais, mas quando acontecimentos podem e são reverberados pela rede eletrônica em minutos, a discussão é levada às comunidades virtuais e aprofundada, explorada, analisada até a exaustão pelos fanáticos de cada partido, e os assíduos independentes intelectuais (ou sem intelecto) da nação.
Duas gafes políticas atingirão parte de sua base e serão usadas até Novembro, certamente, apesar de relativamente insignificantes. Particularmente, todavia, penso-as das mais importantes.
Mulheres usando xales islâmicos foram barradas e proibídas de sentar atrás do candidato em um de seus discursos em Michigan. Para que não fizessem parte da filmagem e fotos do evento, voluntários da campanha de Obama agiram rápido, e excluiram dois grupos do movimento de um candidato que se propõe a agir diferentemente: mulheres e muçulmanos. O motivo todos podemos calcular, afinal, uma porcentagem descomunal ainda acredita que Obama seja muçulmano (na casa dos 15-20%), e a campanha do democrata não deseja associá-lo aos mesmos ainda mais, ou outorgar munição ao advsersário. Há dez anos atrás poucos discutiriam essa história, mas a matéria originalmente publicada no The Washington Post ecoou até chegar à grande mídia aos fragmentos, e às comunidades virtuais em minúcias.
Além disso, discursando entre judeus no estado da Flórida, Barack Obama mostrou-se favorável a Israel e duro com o movimento palestino. Quem ali esteve, ouviu um candidato moderado procurando expandir sua base à comunidade judaica. O único problema é que Obama sempre se disse neutro e bom observador do conflito médio-oriental. Favorecer a comunidade judaica não ressoa bem comparado à sua atitude supostamente mediadora. Mais um ponto perdido com a comunidade muçulmana, ironias políticas cabíveis apenas em nosso mundo surreal.
John McCain 3 x 1 Barack Obama
No placar acima seriam dois para o candidato democrata caso o assunto fosse menos politicamente complicado. Aliás, complicado apenas porque, apesar da era de reverberações virtuais, a população não está majoritariamente armada do conhecimento suficiente para encarar as maiores polêmicas.
Há quase três décadas, o governo instalou uma proibição explicitamente apoiada por representantes políticos e seus campos populares contra a escavação por petróleo nos mares que circundam as costas do país.
John McCain recentemente anunciou seu apoio ao término da proibição igualando-se a George Bush, igualmente requerindo a atitude do congresso e senado, ao menos deixando a critério estadual o interesse por suas próprias costas marítmas. Sua posição em 2000, quando concorreu à nomeação de seu partido contra o atual presidente, era contrária. Essa era a distinção mais acentuada de McCain até o início dessa semana, sua preocupação com o meio ambiente. A preocupação parece ter ido ao ralo depois de rejeitar o financiamento de 2 bilhões de dólares à restauração do Everglades (pantanal) floridiano. Agora, posicionando-se contrario à proibição em tempos de paranóia pública com os altos preços da gasolina, alimentos, e a potencial escalada da inflação, apunhala sua distinção ambiental pelas costas pela segunda vez.
A Flórida, novamente central na disputa à Casa Branca, invadiu a polêmica por ter uma das maiores costas inexploradas, potencialmente abrigando reservas petrolíferas. Charlie Crist, governador do estado que até a semana passada seguia avidamente favorável à proibição, também mudou sua percepção. “Não posso ignorar os bolsos dos floridianos,” disse em entrevista ao The Miami Herald.
Mel Martinez, senador republicano pelo estado que endossou John McCain, juntou-se aos companheiros.
“Vistam-me devagar, porque tenho pressa.” Napoleão Bonaparte
Significante, porém, é um termo relativo, e organizações ambientais posicionam-se contra o candidato republicano. Antes fosse esse seu maior problema. Além dos ataques do Diretório Democrata Nacional, a base republicana favorável a atitudes seguras ao meio ambiente e obtenção de energia, à qual McCain fazia parte, distancia-se do candidato nesse tema. Os motivos são mais econômicos do que “verdes”, e nos fazem questionar se em tempos de desespero as melhores alternativas são atitudes desesperadas.
2 comments:
Ok, acompanhando. Câmbio, desligo.
mas eu queria saber o que vc acha: vai dar obama? tem que dar,né?
bj
ps. voltei lá n RC, pra me sentir reativa...rs...eu gosto de lá um tantão
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