Tuesday, June 24, 2008

Curtas, enquanto ainda há tempo


Etanol, o Próximo Porteiro e o Brasil

Não sou perito nesse assunto, portanto, não fingirei saber esclarece-lo melhor do que outros capacitados, incluindo meus leitores e leitoras. O etanol, no entanto, faz parte de uma das polêmicas centrais, essenciais à escolha do Próximo Porteiro. Caso haja quem saiba, declare-se que ouviremos todos.

Nos Estados Unidos o etanol é majoritariamente produzido por fazendeiros que se encontram em alguns pontos específicos do país, especialmente no estado de Iowa. É extraído do milho, mas de acordo com uma matéria do The Miami Herald dessa passada Segunda-Feira, o etanol brasileiro, extraído da cana-de-açúcar, pode produzir até oito vezes mais energia do que o produzido na América do Norte.

John McCain propõe a expansão do mercado em acordos com o Brasil para abrir as portas estadunidenses ao combustível produzido na terra tropical.

Barack Obama propõe aumentar as tarifas à importação do combustível brasileiro, e estimular a produção interna do ethanol.

O The New York Times sugere que Obama tenha contatos e ligações com os fazendeiros locais, o que o torna parcial a favorecê-los. Também menciona algumas das desvantagens mais importantes em barrar a importação do Brasil e estimular a produção interna do etanol. A crise alimentícia com a escassez de milho e de seus derivados torna-se ainda mais complicada, a falta aumenta, fazendeiros enriquecem, mas a fome finalmente surge na boca do povo, ou assim pinta a imagem o pintor conforme desejar. Pela eficiência da produção do ethanol extraído da cana-de-açúcar comparado à ineficiência do produzido nos Estados Unidos, surge mais um argumento favorecendo a expansão do mercado.

Mesmo assim, procurando a independência de importações e demandas internacionais, ambos candidatos precisarão focar-se nesse tema, crucial ao próximo mandato, ou ignorá-lo, como fez George Bush. Nem todos contrários ao aumento da produção interna do etanol favorecem a John McCain. Muitos dizem que o ethanol não é o caminho, simplesmente. O aumento de usinas nucleares e a industrialização de carros que suportem mais litros por quilômetro também estão em pauta, e o mesmo pode se dizer da opção de se escavar nas costas do país por petróleo em alto mar, tendo menor potencial e mais risco do que outras alternativas.

Entrevistado pelo Morning Joe, o colunista Tom Friedman diz que é necessário desestimular a população a comprar e usar a gasolina, ao mesmo tempo que faz-se necessário castrar os lucros das companhias petrolíferas. Todos concordam, no entanto, que a geração de energia independente é um dos maiores desafios do país, e cairá nas mãos do Próximo Porteiro, em todo seu limitado poder.


South Florida e a População Hispana

De acordo com o instituto Zogby de pesquisas, Barack Obama lidera no Sul da Flórida por 16 pontos percentuais, com uma margem suficiente de indecisos para virar o resultado com a aproximação das eleições.

A notícia, porém, é excelente para Obama, que conquista cada vez mais a população hispana, base que mais favorecia a senadora por New York, Hillary Clinton, e que agora passa a aderir, lentamente, ao campo do nomeado candidato democrata.


Gallup

O entusiasmo dos eleitores decaiu depois das primárias, mas estamos antes das Convenções e a escolha dos vice-presidentes de cada partido, muito tempo para declarar que os resultados signifiquem mais do que o desinteresse natural que as pessoas têm pelo mundo, quando preocupam-se com as próprias vidas. A ficha ainda deve cair, e perceberão novamente que “suas vidas” ao mundo pertencem.

No entanto, Barack Obama segue estável liderando por 4 pontos percentuais (46-42%) com uma margem de erro de três pontos percentuais.


Cheap Shots

Porrada neles e nelas! Os rumores e as falsidades sempre corrompem a política. Mas, pensando bem, se fosse aqui reportar todas as asneiras da grande e pequena mídia nos irrelevantes detalhes que vendem estas eleições, não falaria nunca, talvez conforme o desejado e esperado por nossos governantes, do que realmente importa.

Bola pra frente, rapêizi!

RF

3 comments:

Anonymous said...

Esse Tom Friedman (apesar de defender uma posição corretíssima, na minha opinião) deve estar conversando com a grama, não é não? Acredito que uns 98% dos norte-americanos (e a porcentagem não seria muito menor em outros países, inclusive o Brasil) não tão nem aí para gastar menos gasolina. E quem é que tem coragem suficiente para enfrentar os tubarões das companhias de petróleo? Infelizmente, acho que esse debate (diminuição do consumo de petróleo) já está irremediavelmente perdido.

Roy Frenkiel said...

Bom, Halem, gostaria muito que voltasse para ler a resposta, acho-a relevante.

Nao, Tom Friedman nao conversa com a grama. Digo isso porque como Friedman ha muitos que pensam igual. Seu posicionamento favorece um pouco a visao de Obama, com a implementacao de restricoes que dificultem o uso da gasolina aos estadunidenses, e que ampliem a busca pelas alternativas. Ideologicamente, ja li de mais de um libertario a chamada popular ao transporte publico: "parem de reclamar, parem de dirigir, andem de busao". O problema eh que o transporte publico, ao contrario do qual se ve em Sao Paulo e no Rio de Janeiro, aqui praticamente inexiste com rarissmas excecoes geograficas.

Eu, Halem, somente hoje posso dizer que COMECO a compreender o comportamento social do pais. Somente hoje posso dizer que estou gostando de morar aqui, sim, e sei que tudo pode parecer complicado. O objetivo desse blog, talvez, eh mostrar que nao existem tantas diferencas entre ca e la, so a casca, o grosso e nao a essencia, que eh igualmente humana.

Talvez os americanos nao estivessem, no passado, nem ai, pelo fato de que enquanto voces ja pagavam quase o que nos pagamos hoje, nos pagavamos um dolar pelo galao (4 litros) de gasolina. Era exatamente esse o preco quando cheguei aqui. Em NY, quando vi que o preco era mais de 1,70 dolares, quase desisti de andar de carro.

Agora, houve uma DRAMATICA diminuicao na compra de Sport Utility Vehicles, as vans, pelo consumo desenfreado de gasolina que esses carros tem. De acordo com pesquisas da semana passada, as pessoas somente saem de casa quando extremamente necessario. Familias tem vendido os carros extra e ficado com um so.

Para mim, Halem, por exemplo, esta sendo um inferno, porque meu salario simplesmente nao eh suficiente para arcar com os precos da alemanha em motores amaricanos, se eh que me entende.

Quem tem coragem de enfrentar as companhias de petroleo? Interessante, Halem, porque Obama tem, mas ai favorece os fazendeiros do etanol, enquanto McCain prefere explorar o etanol brasileiro, produzido em trabalho quase escravo em varias regioes brasileiras, e continuar enchendo os bolsos dos petroliferos. A questao eh, como podemos fazer o melhor sem precisar sofrer o pior?

abraxao

RF

Jens said...

O etanol é nosso! Brazil, zil, zil!!!