Tuesday, February 19, 2008

Primárias de Wisconsin

Nessas primárias de Wisconsin, os quatro candidatos que ainda permanecem na corrida à nomeação por cada partido, encontram-se mais ou menos na mesma situação. Mike Huckabee é o único que, mesmo se vencer, não ganha muito pela distribuição proporcional dos delegados que favorecerá a McCain, a poucos delegados da nomeação fechada.

A famosa disputa entre a senadora de NY e o senador de Illinois, Clinton v. Obama, como é aqui conhecida, chegou ao ponto em que poucos sabem diferenciar os ataques entre democratas e o que se conhece dos ataques mantidos nas eleições gerais entre candidatos de ambos partidos. Até mesmo Barack Obama disse que estaria acostumado ao fogo que virá de McCain pelas contínuas pancadas de Hillary Clinton, em uma entrevista que vai ao ar NBC no programa do âncora Matt Lauer às 8AM horário de NY, mas da qual Dan Abrams recebeu um trecho em seu programa da emissora prima, MSNBC.

Ambos encontram-se próximos nas pesquisas de Wisconsin. De acordo com os três institutos usados pelo sítio RealClearPolitics.com (são esses: Research2000/WISC, Rasmussen e Stratetig Vision (R)), Barack Obama lidera por aproximadamente cinco pontos percentuais (47-45%).

O critério agora usado pelos indecisos é procurar quem ataque menos o/a outro/a, e quem o faz com truques menos sujos. Para Dan Abrams, Clinton perde, e para o bloguista que vos fala também, pelos dois básicos motivos que a seguir cito:

1 – Hillary Clinton disputará, com a ajuda de seus campanhistas, os delegados perdidos da Flórida e de Michigan.

2 – Hillary Clinton clama que os estados em que Obama vence são de menor importância. (Nota: Eu entendo perfeitamente que Obama tenha vencido em mais “caucuses” do que primarias, e que tenha vencido mais delegados em estados que, quando chegarem as eleições gerais, tendem a votar “vermelho” - i.e. republicanos - mas isso deve ser algo a analistas políticos discutirem, não a alguém que pretende liderar a nação.)

Mas entre os dois, não existe realmente uma enorme diferença. No quesito saúde e o intuito que ambos têm de entregar à nação um plano de saúde universal, o objetivo é o mesmo, mas existe pelo menos uma tecnicalidade discordada entre ambos:

Sob o plano de Clinton, as pessoas seriam “forçadas” por lei a obter seguros de saúde, e sob o plano de Obama não haveria a ilegitimidade dos não-assegurados, mas segundo ambos pré-candidatos, o povo teria a opção de obter um seguro mais barato pelo estado, o que supostamente aumentaria a competitividade do mercado.

Quando falam no “American Way”, a cultura estadunidense não se resume a hollywwod, e sim à competitividade do mercado. O monopólio de grandes empresas, uma doença existente no mundo todo, até mesmo nos países de altos ideais religiosos, como os muçulmanos, é o que complica o sistema dos Estados Unidos. Afinal, sem a competitividade o que existe é o que vemos, “selvagens praticando o capitalismo”, poderes abusando de seus poderes, governos se rendendo ao que melhor convém a poucos indivíduos favorecidos, e um regime que apenas em nome não é totalitário, mas em vias de fato... Contra isso lutam ambos candidatos.

Segundo Paul Krugman, colunista do New York Times, Obama e Clinton copiaram seus planos para a saúde de John Edwards, e agora em suas campanhas tendem a caçar os eleitores órfãos do advogado sulista com promessas semelhantemente populistas.

Em outros temas, como a econmia, panfletos são distribuídos e planos delineados. Poucos eleitores compreendem realmente que um presidente sofre de apoio limitado de seu congresso e senado, e apesar de seu poder de veto, não pode assinar leis que não foram aprovadas pelas duas Casas. Nenhum dos candidatos democratas pode prometer nada incondicionalmente.

Mas, o que mais preocupa eleitores é a forma com que eles andam se degladiando, para deleite da mídia, que explora todos os ângulos como convém - bloguistas fazem o mesmo, geralmente de modo mais aberto e amador, mas o ainda mais do mesmo.

Recentemente, Hillary Clinton acusouBarack Obama por um discurso seu conhecido como “Just Words”, ou ”Só Palavras”, que outro político, Deval Patrick, ex colega de Obama e com o qual escrevia discursos, já teria usado. Ou seja, acusou Obama de plágio, algo que já deu o que falar nessa aba da blogoesfera em passados breves.

Mas analistas políticos sabem o quanto isso é comum, e o quanto Deval Patrick teria publicamente inocentado Obama, e o quanto o ataque é injusto e frases iguais podem ser encontradas em discursos da senadora, copiadas de outras bases, outorgadas a ela como o discurso de Deval foi presenteado a Obama. Ainda assim, não retiram o “debate” do ar, e muitos eleitores acabam caindo na armadilha de Clinton através da repetição da mídia.

Do lado republicano, toda a patota bushiana apoiou John McCain. Enquanto alguns dizem que George W. Bush aparecerá mais ao lado de McCain, a maioria compreende que a imagem do atual presidente é mais prejudicial quando ele mostra sua face. Mesmo assim, contribuirá no levantamento de fundos ao candidato quase seguro do partido Republicano. George H. W. Bush afirmou que a persistência de certos conservadores em não optar por McCain é imatura e “irritante”. O partido vermelho começa a abrir as asas.


RF

2 comments:

Jens said...

Porra, Roy, golpe baixo na eleição dos EUA é acusar o outro de plágio? Aqui, do pescoço pra baixo tudo é canela. Vale até botar a mãe no meio (ou a filha, se o candidato for o Lula). Ladrão, velhaco, safado e corrupto são alguns dos adjetivos com que a nossa classe política se mimoseia diariamente.
***
O presidente não pode editar leis não aprovadas pelo Congresso? Ensina pros gringos o que quer dizer Medida Provisória. Acho que vão gostar. Mais uma contribuição da pátria amada, salve salve para o aprimoramento da democracia.
***
Bush parece o FHC - todo mundo quer distância dele, como o diabo da cruz.
***
No mais, dá-lhe Cavaleiro Negro.
Um abraço. Arriba!

Roy Frenkiel said...

É, Jens, então parece que a coisa anda meio feia, mas está para todos os lados. Na verdade, a acusação de plágio ressoa grave a um eleitorado que se sente atraído por um orador original e entusiasmante, além de parecer sentir o que diz. Se copia o que diz de outra pessoa, toda a base abstrata, emocional, toda a construção de seu momento quase milagroso desaba de uma só vez. Talvez, o eleitorado brasileiro espere que nenhum de seus líderes tenha classe, e que xinguem-se uns aos outros como faz o classudo Chávez ao resto do mundo. Nem mesmo Fidel Castro, temido ditador, era tão classudo quanto os governantes brasileiros. Assim, talvez não ter classe não seja o mais importante para eleitores brasileiros. Agora, você ainda há de esperar que tipos de ataques ressurgiram do útero do Tio Sam às vésperas das eleições gerais... Sabe-se lá a filha de quem será xingada, mas ninguém está a salvo. Só espero que tenham um pouco mais de classe.

Não sei bem como funcionam as leis dos Estados Unidos nesse sentido, Jens, mas pesquisarei ao meu benefício. Certamente deve haver algo parecido, e esse será o truque usado pelos simpatizantes de Clinton para recuperar os delegados perdidos da Flórida e de Michigan.


Abraxão

RF