Wednesday, February 27, 2008

Misturebas

Se falo aqui de minhas condições pessoais é porque a natureza de um blog permite, é para isso que está, a expressão mais crua e nua da própria pessoa em opiniões que jamais deixam de ser pessoais. Portanto, abro dizendo que o que segue é uma salada dos temas que mais me chamaram a atenção na semana passada e início desta, mas que isto é apenas uma deixa meio à crise da mudança, aquele texto significante que “prometi” postar.

Pois bem, vamos por partes:


Saturday Night Live


O programa cômico mais prestigiado dos Estados Unidos voltou ao ar com força total com o término da greve dos roteiristas, e já caiu de paraquedas no clima político espesso que domina o ambiente.

Nesse primeiro show depois da greve, os comediantes basicamente gozaram a mídia por favorecer a Barack Obama. Desde a imitação da pura idolatração do candidato nascido em Hawaii por âncoras e repórteres da CNN, até a defesa escancarada de Hillary Clinton pela “repórter” da “emissora”.

Fred Armisen, no papel de Obama, pode até ter feito um bom papel, mas a jornalista Maureen Ryan questiona, em sua coluna “The Watcher” no ChicagoTribune.com: “Podem até me chamar de louca, mas o pessoal do Saturday Night Live não podia encontrar um negro para fazer o papel de Barack Obama?” Em outra parte do programa, a personagem âncora diz que “bitch is the new black! Hillary, we got your back!”, o que se traduziria algo como “as cadelas (cachorras, nome nada carinhoso, mas popular para se referir a mulheres nesse mundinho cão) são o novo preto! Hillary, conte conosco!”

O importante é que Clinton realmente usou o SNL para ajudar sua campanha, e a mídia mordeu a isca. Enquanto Dan Abrams, da MSNBC, concorda com a sátira apresentada, outros âncoras, incluindo Anderson Cooper da CNN, estão ocupados demais babando o ovo de Obama.


Primeiro Debate pela CNN no Texas


Só posto duas das frases (não literais) e suas diretas reações pela platéia:

Questionado sobre sua experiência e o argumento da campanha de Clinton que considera a palavra “mudança” um sonho vago, o senador pelo estado do Illinois respondeu que seus eleitores não são estúpidos, que não estão sendo enganados e que têm a capacidade de decidir corretamente, e que a maioria dos jornalões, incluindo os principais jornais de Texas o endossaram, que tampouco podem estar todos iludidos com falsas promessas. A platéia aplaudiu.

Questionada sobre a acusação de plágio feita contra Obama a respeito de um discurso supostamente emprestado de um de seus co-campanhistas, Clinton disse que a campanha de seu rival se baseia em palavras, e sendo assim elas devem ser originais, caso contrário “não se trata mais de uma mudança que podemos acreditar, mas de uma mudança que podemos xerocar”, expressão que ela se arrependeu de ter dito amargamente, à qual recebeu váias da platéia.

Mas dizem os analistas que ela venceu o debate por ter dito, no fim do mesmo, que se sentia honrada de competir com Obama, e que não importa o que ocorra eles sobreviverão e continuarão unidos no partido Democrata. Por essas palavras, recebeu aplausos de pé. Claro que isso não a faz conquistar mais votos, e se seu território tem diminuído é justamente por sua incapacidade de atacar Obama efetivamente.


Segundo Debate pela MSNBC em Ohio


Há então quem já tenha assinado o atestado de óbito da senadora pelo estado de New York nessas eleições. Hillary Clinton precisa não só vencer nos próximos dois estados, mas em altas vantagens numéricas, enquanto que sua liderança em Ohio tem diminuído, e praticamente desaparecido das pesquisas pelo estado de Texas.

Nessa semana, depois de cumprimentar Obama e dizer que se sentia honrada de competir ao seu lado, Clinton reagiu a falsas acusações da campanha do mais jovem senador a respeito do plano à saúde pública de sua rival. A “mentira” veio em um panfleto enviado a caixas postais sortidas nos estados das primárias do 4 de Março dizendo que Clinton forçaria pessoas que não tinham condições financeiras a comprar seu plano de saúde ou comprovar seguro por outra companhia. O fato é que apesar de obrigar o seguro de saúde à população, os planos devem ser oferecidos por preços que todos possam arcar.

A reação de Clinton foi tida como esquizofrênica para parte da mídia, mas eu compreendo seu furor. Afinal de contas, Obama não pode decair de seu nível das mudanças e esperanças, e em grande realidade esse é um altar que o “main-stream” construiu, o que, para mim, já o torna duvidoso. Clinton gritou a famosa frase: “Shame on you, Obama!” (Vergonha na cara, Obama!)

O debate veio com todas as seqüelas que se podiam esperar, Clinton atacando, a mídia favorecendo Obama (parte sim, parte não, sejamos sinceros), e a população votando por SMS, pelos celulares, outorgando a vitória do debate a Obama com 70% dos votos.

Mas não conferirei aqui maiores detalhes, apenas esclareço que nem eu mesmo acredito, mas as chances de Hillary Clinton à nomeação pelo partido Democrata são menores, consideravelmente, do que as chances de seu rival.


John McCain


Sob fogo do “The New York Times” há mais de uma semana por conflitos de interesses e acordos com lobbyistas lindas, McCain anda pisando em ovos e quebrando a maioria deles.

Em um discurso pró-McCain, o conservador e âncora do talk-show “The Big Show with Bill Cunningham” atacou as origens médio-orientais de Barack Obama, insinuando: “Como podemos confiar em um presidente chamado Barack Hussein Obama?” Basicamente, disse que o candidato era uma abominação total aos Estados Unidos.

McCain desculpou-se imediatamente pelas atitudes do apresentador, mas que não tinha conhecimento do que ele diria e que jamais aprovaria essa mensagem, já que tinha prometido tratar seus rivais por “senadores”, sempre com o maior respeito possível, e apenas atacar as diferenças ideológicas. Claro que essa desculpa é um tanto dura de se engolir, mas o fato é que na manhã seguinte Cunningham anunciou furiosamente em seu programa que retirava o apoio a McCain e que votaria por Hillary Clinton nessas eleições. U-lá-lá!

Ah! Christopher “Quem?” Dodd endossou Barack Obama, o primeiro dos ex-pré-candidatos à nomeação democrata que endossaram um dos dois principais concorrentes.

Abráx e beijundas,

RF

2 comments:

Jens said...

"McCain anda pisando em ovos e quebrando a maioria deles."Delícia de frase.
No mais, a briga tá boa.
***
Tá tristinho, bem? (referência ao comentário da Sandrix no post abaixo). Vai passar, vai passar...

Esther said...

E aí, garoto? A blogosfera fica com um buraquinho sem teus textos.
beijo.