Eu me rendo. Em definitivo, cheguei ao ponto em que preciso falar do que vejo, mas o que vejo é tão pouco. Está tudo correlacionado, ligado, um elo colossal dando nó no globo todo bobo. Algo que se perde, qualquer coisa, qualquer detalhe, qualquer idéia, faz perder-se tudo. Por isso sei que jamais sei tudo sobre nada. Nada sobre nada, imaginem. Há fórmulas para a política, para a sociedade, para a economia e a saúde, até especialistas no esporte há. E os artistas?
Li as lágrimas de certo quem, que sabe seus detalhes históricos, viveu e fez história, conhece nomes e faces e cheiros que eu não conheço e jamais conhecerei. Mas li suas lágrimas falando de sua emoção pela possível candidatura de Barack Obama.
Se ao menos eu quiçá soubesse mesmo, quem “sá-sobesse” mesmo que seu motivo principal é outro se não a pele do candidato... Esse candidato trintão, orelhudo mas bonitão, bonachão e nova estrela (cadente?) de uma nova geração de eleitores atentos. .. À sua frente há um país carregado em décadas de história libertária - entre aspas - mas fora das aspas, bem racista.
Está certo que as estatísticas e grande parte dos provérbios do país realmente louvam uma liberdade que, em seus tempos mais populares, fez inveja. Inveja que, diga-se passando, era também um pouco dos judeus americanos, que construíram New York (e a Bahia também, podem checar e me corrijam se quiserem), enquanto descendentes de seus primos europeus eram queimados nas fornalhas nazistas. Inveja de todos os latino-americanos que chegaram ao país e o fizeram o que hoje é também. Inveja indubitável do sucesso que estrangeiros muitas vezes surrupiam dos nativos. Aliás, essa é a história de toda a América, aos engraçadinhos que ainda têm a coragem de atirar pedras no Tio Sam. Essa é a história do mundo todo.
Pois, artista lagrimoso e lacrimejante, a ti dedico esse texto. São tuas lágrimas genuínas pela possível candidatura de um negro por ser negro? Pois, antes fosse tão fácil, e cá lhe explico pelo que eu sei. Sei, amigo meu, que julgo muito os candidatos pelas campanhas, porque vi poucas eleições por ser curta minha vida, mas vivi eleições ao vivo em três países, e sempre tive um lado político a puxar na família bagunçada.
Pelas campanhas de Obama, pouco de verdadeiro, de concreto, se oferece. Não existem verdadeiros planos individuais que já não pertençam à filosofia do partido Democrata, que o diferenciem o suficiente. É certo o que disse Clinton, por mais antipática me pareça, que Obama não comprova como pagará seus prometidos investimentos. Mesmo que goste dele, choroso, pense duas vezes antes de derramar sua alma por outrém.
Tuesday, January 22, 2008
Ao Artista Choroso Parte I de III
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3 comments:
Roy, o eleitorado negro tem tanto peso assim na eleição americana? E dá pra arriscar que ele votará majoritariamente num mesmo candidato (e esse candidato seria Obama)? Continuo acompanhando sua ótima cobertura das eleições por aí. Um abraço e bom trabalho.
O eleitorado negro tem muito peso, Halem, especialmente porque a maioria do eleitorado e democrata. Ha especulacoes que em 2004 o que aconteceu foi o bloqueio de muitos eleitores mais pobres, o que prejudicou o voto democrata.
Agora, muitos negros sao fas de Clinton porque dizem que esse lhes foi util em seu governo extenso. Isso ja reparte o voto entre os democratas. Mas isso so nas preliminares, porque se Obama realmente vencer, creio que teria sim, e muito, o voto democrata e ate mesmo independente e de republicanos simpatizantes contra qualquer um dos candidatos atuais republicanos. Ao menos por hora, e isso...
Obrigado por acompanhar, Halem!
abraxao
RF
Dá-lhe Obama! O Poder Negro revive! Tremei Wasps, tremei!!!
Quero votar aí!
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