Friday, November 23, 2007

War



O mundo parece determinado a combater seus males através das guerras. São tantas, que não duvido serem maiores e mais perigosas do que as dos séculos passados. A linguagem classifca ações intensas, agressivas e, às vezes, bem organizadas com o intuito único de destruir. Nesse mesmo idioma, não há espaço para construir ou direcionar.
A seguir, uma modesta lista das guerras atuais:

Guerra contra as Drogas:

A mais interessante, sem dúvida. Enquanto drogas são objetos inanimados, a ilegalidade abre um buraco no mercado negro, fácil de ser preenchido para quem pesa suas consequências e conclui que mais vale arriscar-se cultivando e traficando drogas do que tentar um emprego e ganhar um salário mínimo. Usuários, todos guerreiros em suas próprias batalhas pessoais, são outro alvo aos soldados bélicos oficiais. Não importa qual o motivo do uso, nem sua consequência. Mal importam as drogas legalizadas serem piores, ou o fato de que a “droga” apenas recebe esse nome dependendo do uso. A enfermidade nacional que justifica a guerra tornou-se ainda mais enferma desde que essa se iniciou com a influência do Tio Sam. Detalhe irônico: Tio Sam usa drogas.

Guerra contra o Terror

Jargão Yankee, utiliza-se do poder da retórica para definir quem é bom e quem é mal. Enquanto a guerra mata inocentes, a justificativa da matança é a morte dos inocentes. O terrorista atira bombas, mas o soldado que procura sua anulação também. A contagem das vítimas do terrorismo nem se compara à contagem das vítimas dos bons soldados. A ideologia dos terroristas é taxada de ditadura. A ideologia totalitária das nações mais poderosas é denominada salvação.

Guerra contra o Aborto

Patética. Demonstra a histeria que envolve a humanidade. Mais uma tentativa inútil – e estúpida – de proibir alheios a fazerem algo que torna-se apenas um dilema quando o problema é pessoal. O impessoal tem idéias e filosofias. O pessoal sofre porque apenas gostaria de que o considerassem adulto o suficiente para fazer com seu próprio corpo o que lhe interessar. Argumentos seguem, e a guerra se intensifica, mas quem verdadeiramente sofre não são os guerreadores. Esses, sofrem apenas de sua própria histeria e medo. Uma guerra de covardes.

Guerra contra Células-Tronco Embrionárias

Além de ser prima da guerra citada acima, resume-se em apenas uma frase: Guerra contra pessoas doentes que precisariam de nossa ajuda caso não fossemos tão tremendamente primitivos.

Guerra contra a Pornografia

Uma guerra religiosa e hipócrita. Enquanto o mercado pornográfico apenas cresce, a clientela anônima cresce concomitante. Desde que sou pós-espermatozóide vejo comerciais e programas infantis com loiras e morenas com a bunda semi de fora. Tudo que se vende, praticamente, vende-se com sex appeal. No entanto, há quem se incomode com a punheta dos outros. Coisa de mal amados.

Guerra contra o Casamento Homosexual

É a guerra geralmente declarada por homosexuais enrustidos. Popular entre o partido Republicano, bem como os enrustidos. Enquanto isso, muitos dos mais fervorosos oponentes praticam a pedofilia, para aliviar a tensão. Afinal, papar uma criança é mais saudável do que assistir a Branca de Neve papando os sete anões.

Guerra contra a Prostituição

Trata-se da insistência em ilegitimar a mais antiga das profissões da humanidade. Enquanto a mulher geralmente escolhe vender seu corpo, o homem geralmente escolhe alugá-lo. Enquanto não houver abuso, desrespeito ou indiscreção, absolutamente ninguém sofre, e todos ganham. Esta é a guerra mais imbecil de nossa humanidade.

Guerra contra a Guerra

John Lennon diz, em sua canção Revolution, que se quiserem levantar uma revolução, podem contar com ele, e não contar com ele ao mesmo tempo. Quando lhe perguntaram o que isso significava, Lennon respondeu:

“Se for uma guerra contra a guerra, contem-me por fora. Se for uma revolução pacífica, seguirei o comboio.”

Por enquanto é isso mesmo, pessoal. Sigam lutando contra a estupidez humana.

Bom final de semana,

RF

9 comments:

Vais said...

Olá Roy,
muito, muito bacana.
Não sei se entendi muito bem se você é ou não favorável à legalização do aborto, bem, eu sou a favor, e numas conversas por aqui, vejo de outra forma a oposição entre o contra e o a favor do aborto, se for olhado pelo lado físico, fora as masoquistas, duvido de alguma mulher ter prazer em se submeter a uma cirurgia, ou ficar tomando os venenos, ou se enfiar sei lá o quê,.... Tem um texto do Frei Betto fantástico a respeito.
Todos as outras guerras merecem comentários, as drogas, e lembro da televisão e de alguns canais convencionais onde despejam suas drogas na nossa casa. Eu gosto de televisão, na falta de cinema, telão, aquelas pipoconas que a gente tenta imitar e tudo mais, e como a qualidade dos programas tá negativa, não tem jeito é seleção com as tem um pouco de cultura.
Nossa, chega.
Parabéns!
Abraço

Jens said...

Pois é, Big Roy, a luta contra a estupidez exige tenacidade. Por enquanto, creio que as forças da razão estão perdendo. As hostes da estupidez são imensas.
De minha parte, continuo mandando bala pra baixo contras as falanges do mal.
Um abraço.

Anonymous said...

Belo post...
Você pode me achar uma completa imbecil, mas eu ainda prefiro as rosas...
o Rosa
Beijos
Camila

Anonymous said...

Voltaste com a corda toda, hein rapaz? Cara, começo a temer que é impossível lutar contra a estupidez (partindo do questionável e arrogante princípio de que eu não faça parte do grupo dos estúpidos).

Todas essas guerras lembradas por você, considero perdidas (se é que há alguma ganhador com qualquer guerra que seja).

Bem lembrada a guerra contra a pornografia.

Um abraço.

Roy Frenkiel said...

Halem, uma das coisas que acredito serem desnecessarias, e esse conflito interno com ter medo de admitir que nao se e estupido. Nao se e estupido quando se pensa, amigo, quando se admite possibilidades. Ai voce se pergunta se eu admito possibilidades, ou ate mesmo se voce admite possibilidades. O fato de voce se questionar ja pode ser um bom indicador, mas so voce sabe de voce mesmo, e as vezes quem lhe observa sabe o suficiente para confiar ou desconfiar de suas palavras.

Em duas ocasioes mais vividas, uma recente e a outra ha dois anos atras, Halem, confrontei-me com pessoas religiosas. Na mais antiga, uma Testemunha bateu em minha casa para convencer-me da bondade de sua religiao. Geralmente, as pessoas temem a presenca dessas Testemunhas de Jeova, considerando-a chatas - e sao mesmo, eu ja fiz muito disso em minha vida e considero-me um chato por te-lo feito - e nem abrem a porta. Ou abrem, mas procuram se desfazer das mocinhas comumente jovens antes que a conversa os incendeie de tedio. Eu nao. Convidei-as para entrar, mas recusaram. Conversei com elas ate certo ponto que uma outra dupla aproximou-se a tenta-las resgatar. O problema? Nao sei se elas estavam fascinadas demais, ou se ja nao conseguiam simplesmente argumentar. Como nao se irritavam na minha frente, precisavam de resgate. Quase convenci-as da natureza estupefante dos absurdos que diziam. E nao precisei ser desrespeitoso. Usei o mesmo discurso da "liberdade de expressao" que elas usam.

Ha pouco, ocorreu-me o mesmo com outro rapaz, em plena faculdade. Aproximou-se e quis dizer-me de sua religiao, sem segundas intencoes, explicava. Teve de escapulir, porque enquanto tentava convencer-me de mais e maiores crendices infundadas na logica ou em qualquer especie de razao que nao seja estritamente esquizofrenica, eu o convencia de que os muculmanos podem ter mais razao do que ele, e que seguiam sua religiao com maior veemencia, e que talvez eles tivessem algum ponto em serem tao fieis, por pertencerem a religiao certa.

Se estico o papo, Halem, Vais e qualquer um de meus queridos leitores e leitoras, e somente para tentar explicar por que nao existe, ao meu ver, nenhum sentido em "guerras" contra conceitos e objetos inanimados, muito menos quando estes fazem parte de nosso cotidiano e quando a ilegalidade apenas cria mercados negros e maior segregacao social e racial.

Quando falo da estupidez, falo da total inflexibilidade da opiniao de lados que apenas usam-se da religiao e de motivos sentimentais para acrescentar dilemas inuteis na vida de pessoas comuns.

abrax

RF

Roy Frenkiel said...

Quanto a impossibilidade de lutar contra a estupidez, minha unica resposta e: Acredito que voce esteja sumament enganado, mas nao sem base. Acredito, ainda, que voce nao desacredita, apenas sofre como todos nos. O motivo pelo qual acredito que voce esteja enganado e simples: As coisas mudam. Civilizacoes nascem e morrem. A geografia muda. Tudo muda, tudo se transforma. Por que nao, as vezes, para o bem?

Anonymous said...

É, Roy, você lembrou um ponto importantíssimo, ao qual não me ative, a princípio: a inflexibilidade de opinião, a postura dogmática. Realmente você tem razão em chamar isso de estupidez.

E talvez tenha razão também quando diz que eu estou "sumamente enganado". Como diria Gramsci, "sou um pessimista e descrente na análise, mas não na ação".

Um abraço.

Roy Frenkiel said...

E isso, Halem, mas note que disse "acredito" ou seja, nao sei mesmo se voce esta enganado, e tambem que digo que mesmo enganado, voce tem muito mais base do que eu em sua opiniao. A minha e mesmo otimista demais, mas e tambem fatidica. Agora, acho que o comentario que fiz agora foi mais pensado do que a postagem hehehe.

abrax di novo

RF

Jens said...

Combativo Roy:
Sexta-feira tem uma festinha de aniversário lá na Toca. Estás convidado.