Thursday, January 11, 2007

Quem somos, quando nao somos?


E não é o candôr, ou a doçura, o que me tortura? Pois, qual é o maior objetivo da vida? Sentir prazer? Sentir doer? Felicidade, o maior dos objetivos? Individualidade? Individualismo?

Havia um Magno, certa vez, que me chamou de ‘maluco-beleza’. Outra amiga querida disse, e eu cito: ‘Você ainda está se encontrando, se definindo,’ o que em outras palavras, diz e muito bem dito, ‘você não tem idéia do que quer.’

Mil, dois mil perdões. Há um raulseixismo em mim, sem dúvidas, ó se há. Mas, maluco-beleza? Maluco, um pouco, e alguma beleza eu sustento, mas quando as duas palavras se ajuntam, pressa ao socorro, deus nos acuda, sái de baixo, sái é da frente, que atrás vem gente! Gente, maluco beleza é demais, mas faz sentido, tudo se conecta, quando se lê com o coração o que com o coração jaz escrito. Não sou maluco beleza, não porque dizem que eu não seja, e não sou quando dizem que sou. Não sou, simplesmente, porque não é essa a imagem com a qual eu vivo. E se eu vivo com essa imagem, a qual tenho de mim, para mim, vocês enxergam o mesmo.

Eu ainda estou me encontrando e definindo, isso sim. Atire a primeira pedra quem já se definiu, e ao atirar a primeira pedra prove que, como os demais, não está morto. E, se já se definiu, qual orgulho tem a pessoa que já se definiu com um amanhã indenifido? Um amanhã definhado. Aliás, um amanhã inexistente. O problema é a indefinição política? Confundir as palavras? Misturar os versos? Inventar palavras irracionais? Talvez. Para mim, o problema é que não consigo enxergar a mim, como vocês enxergam. Perdão, mas não há jeito que se possa, e se não se pode, o que importa o que de mim pensam, se não me importasse? Olha aí, um pá daqui, pá de lá... Maluco-Beleza e Patropi, Visconde Sabugosa. Indefinido? Completamente.

Agora, não saber o que eu quero, difere de não me definir. Ousar nem se importar com uma auto-definição – e não digo ser esse o meu caso – é maior ousadia do que procurar a conformação com sua própria imagem. O melhor de tudo, é mesmo, não saber o que se é. Mas, saber o que não se é e saber o que se quer, são coisas muito diferentes. Eu, por exemplo, sei o que eu quero, meus desejos mais sinceros. No momento, ter dinheiro para comer, beber, ter uma moradia estável, com minha mãe tranqüila, sossegada, com meus irmãos estudando, crescendo, vivendo, aprendendo, e com meu tio lá, em São Roque, vivendo o Brasil que muitos de vocês vivem. E eu invejo essa calma, e quero tê-la, quero saber viver sem me importar com o amanhã, quero ter a saúde que ainda tenho, e melhorar o que se pode, e que todos ao meu redor tenham a mesma fortuna. Quero muito, para a humanidade toda, juro que quero. Mas, de imediato, para mim bastaria o dos meus.

Também, uso-me como exemplo, e isso, sem me conhecer, é fato que eu saiba quem não sou. Não sou um assassino. Não sou desencanado. Não sou dos que se preocupam com o corpo. Não sou dos que se preocupam com vestimentas. Não sou cruel. Não sou um imbecíl, à não ser que assim o seja, e nos demais seres apresentados acima, aplica-se o mesmo critério. Não sou, à não ser que o seja. Quero não ser, que melhor se estabeleça.

Assim, meu amadurecer demora, mas não sei se é a resistência, a falta de foco, ou originalidade. Vocês sabem? Vocês sabem me dizer do de vocês? Qual é o objetivo de suas vidas?

Cheguei a uma conclusão, claro, como eu, nada definitiva:

O maior objetivo da vida é viver.
Somos apenas quem somos, quando somos, e provavelmente sempre somos quem queremos ser. Não somos quem podemos ser. Somos quem queremos ser. Pensem nisso, se quiserem.

RF

5 comments:

Anonymous said...

Se você não é o "maluco-beleza", então é "a metamorfose ambulante"(rs). Brincadeirinha...Pessoalmente, não me preocupo em saber quem sou; afinal de contas, no fundo é a opinião dos outros a nosso respeito que acaba valendo alguma coisa nesse mundo mercantilizado. Mas você tem clareza do que quer. E isso não é pouca coisa. Um abraço.

Brena Braz said...

Ahá! Agora eu gostei! Mudou a cara do blog, né?!
Eu fiquei tanto tempo ausente que só hoje vi isso!
Mas ficou ótimo, viu?!
Adorei!
Bjocas

Anonymous said...

"O jovem não precisa de razões para viver; precisa só de pretextos." (Ortega y Gasset)

Já o velho vive por inércia. (Jean Scharlau)

Anonymous said...

Putzgrila Roy, estás indo a fundo no caminho do auto-conhecimento. Atenção: este não é um caminho para cavaleiros descuidados. Boa sorte.
Um abraço.

Caiê said...

Ai, vida minha é sina, porque é que no meu caminho só aparecem homens que AINDA estão a tentar encontrar-se??? ah ah ah! :)

Querido Roy:
pensar é bom, agir é melhor ainda. É pela acção que a gente se define. Um beijo.