Wednesday, January 17, 2007

Corruptus Ininterruptus



Há algo que sempre me indignou neste mundo imenso, no qual os fatos se aglomeram e criam histórias, algumas, pois, caninas. E não é conhecer-se ou deixar de se conhecer, no caso, o que mais importa em indignação, mas sim, o fato de que nós, por termos escolhas, poderiamos viver vidas distintas das quais muitos vivemos. Não falo em viver na clandestinidade, deixar de fazer parte da roda universal, deixar de comprar, deixar de gastar, deixar de se esbanjar se esse for o caso e a preferência. Nem digo que todos devemos deixar de lado as preocupações com a carreira, com os negócios, com o próprio corpo, vestimentas, comida, e que seja mesmo de boa qualidade. Falo apenas de alguns passos errados tão óbvios, que no Corão, caso assim a lei muçulmana mandasse, escrever-se-ia à pena de amputação do órgão.

Em minha terra natal, Israel querida e social, ressurgem as muralhas que um dia dividiram outras nações. Como já bem se sabe, grande parte da muralha que separará a Terra Santa da Faixa de Gaza, invade o território de fazendeiros e camponeses palestinos. Como também já se sabe, advogados israelenses ainda apelam as cortes que, recentemente, já decretaram justificável confiscar as propriedades.

Quando, em meados de 2006, seqüestraram dois soldados israelenses e mataram um, escrevi e li, concomitantemente, apelos em alvoroço para que o país Sionista não abusasse de seu poder de fogo em retribuição. O que aconteceu foi exatamente o oposto do que se pediu. Dan Halutz, General do Exército Israelense, abusou do ataque aéreo de suas bombas (im)precisas, e conseguiu causar danos colaterais mais severos do que sucessos bélicos estratégicos. Desestruturou o Líbano mais do que se via estruturado, não erradicou o Hezbollah de seu terreno e, muito pelo contrário, fez com que próximas gerações terroristas já comecem a se preparar em novas instalações Oriente-Médio afora.

O povo, inicialmente, bem como o estadunidense à época do 11 de Setembro, desejou a vingança imediata. Halutz respondeu. Milhares de pessoas morreram em vão. Centenas de crianças morreram em vão, porque crianças sempre morrem em vão. Tanto contra os Estados Unidos, quanto contra Israel, aliados do bem, aliados do mal, aliados mais para lá do que para cá, depende do seu cá e se é seu ou meu, as perdas massivas e a miséria são sempre as mesmas. Quando se deram conta, os civis coterrâneos meus, protestaram a ineficiência do General. Protestam, agora, a ineficiência do Primeiro Ministro Ehud Olmert. Halutz resignou seu cargo, e Ehud Olmert pode ser impedido, o que facilmente ocorre com a democracia do país. Mas, a corrupção também aumentou, e não é de se surpreender. Para que erros tão catastróficos sejam cometidos, o governo precisa estar fraco, como é o governo Norte-Americano, como é o governo Brasileiro, e assim por diante. Não fraco no domínio sobre o povo, mas ineficiente e negligente às necessidades reais e substanciais do mesmo. Um governo fraco, porque serve-se somente, jamais ao povo. Israel, que no ano passado sustentou um particular orçamento, deixando de gastar bilhões de dólares prometidos, também deixou de ajudar pessoas necessitadas, e à economia da classe média e da classe mais baixa. Mas, o povo reage, e reclama, e este Individualista que cá vos escreve, ainda tem alguma esperança.

O fato é que o que já se sabia, poderia previnir-se. Caso o povo entendesse os elementos básicos de uma sociedade, os certos e os errados que custamos a aprender, mas que já deveriamos saber de cor e salteado, não haveria Halutz que fizesse contra a vontade de pessoas como eu, e quem mais comigo tiver. Caso aqui, nos Estados Unidos, um terço da população se envolvesse politicamente, pouco poderiamos reclamar dos tiranos bushianos de nossas vidas. Teriamos o que fazer, mas nivel assim só se conquista fazendo. Para quê cometer erros e consertá-los posteriormente? Por que não aprender, de uma vez por todas, que oprimir, machucar e maltratar jamais curam opressões, machucados e maltratos?

O povo israelense, pelo menos, conseguiu a demissão do General. As muralhas ainda crescem, e impedem a visão do sol. Cortam os raios solares no formato das farpas nos arames. As covas continuam crescendo. O mundo, se corroendo. A humanidade está em extinção... Mas conseguiram a demissão do General...

RF

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