Wednesday, January 10, 2007

Primeiras estrofes Pensamentais

Por quê, então, Individualismo?

Ainda faltam todas as estruturas filosóficas nas áreas da ética política e social que aqui ainda nem se aplicam, portanto as mencionarei apenas em um futuro próximo.

Mesmo assim, alguma noção já me serve de cama a reflexão, e então pensei:

Por quê Individualismo?

Sem muita profundidade, vamos às conclusões sobre nosso modo de vida, como nos comportamos sozinhos, e como nos relacionamos com os demais indivíduos e órgãos representativos políticos, bem como a forma de nosso relacionamento com o meio ambiente. Sabe-se que causar sofrimento, oprimir, privar alguém de seu direito de vida sem nenhuma razão concreta, escravizar ou comportar-se com intolerância racial, sexual ou generalizadamente social, são atos tidos como errados aos olhos da maioria das civilizações. São atos que a maioria dos filósofos e vertentes filosóficas concordam concomitantemente serem errados, ruins, desvirtuosos, formadores do que consideramos de mau-caráter (não mal, estado passageiro, mas mau, em sua essência).

Aristóteles explica, ‘que não há excesso ou falta nas virtudes, e as falhas no comportamento formador do caráter, nascem do excesso e da falta,’ portanto, as virtudes seguem o caminho do meio, o central, entre o absoluto positivo e o absoluto negativo. Nos atos desvirtuosos, contudo, tampouco existe o excesso e a falta, e além disso, não existe um caminho do meio. As falhas comportamentais são, em si, o excesso ou a falta, logo, negativas não importa o contexto, o tempo ou o grau de sua prática.

O mais importante para este curto texto, não é discutir o moralismo sexual, estético ou casual, mas sim articular uma lógica a partir de idéias que a maioria não só concorda, mas que se sustentam melhor em argumentos lógicos. Em nosso caso, falamos de uma espécie de sociedade certa, utópica, justa e virtuosa, na qual não há opressão, escravidão, danos causados a pessoas ou demais seres vivos inocentes, ou intolerância racial, sexual ou generalizadamente social. Se concordamos que uma sociedade utópica deve, na mais básica circunstância, ser o modelo mencionado na frase anterior, a grande pergunta central do texto é:

Como chegar a uma sociedade utópica como a citada?

Usando e montando, configurando e aprendendo os pensamentos de filósofos contemporâneos e da antiga Grécia, o Individualismo pretende provar que atingir toda uma sociedade com um sistema governamental, causa uma série de problemas que ainda não conseguimos solucionar. Na democracia, por exemplo, mesmo que seguida à risca, ainda surgiria a questão: E a minoria? Só por fazerem parte da minoria, seus membros estão necessariamente errados? Caso no ano seguinte a minoria vencer, significa que o governo passado era certo apenas enquanto durou, e depois deixou de ser certo; ou que o governo atual sempre foi o certo, e o passado estava simplesmente errado, mas ainda não se sabia? A diferença é clara: Se esteve errado antes, a democracia pode reforçar leis erradas, nocivas, apoiadas pela maioria, até que a maioria aprenda o certo, e mude o voto e a atitude política. Parece extremamente difícil, todavia, convencer uma maioria de que estivessem errados no passado, e cada mudança social revolucionária ocorrida no século passado, seguiu-se de conflitos violentos e sacrifício concreto de vidas humanas.

Outro problema é o comportamento do indivíduo em uma sociedade miscigenada, na qual, por mais que admitamos que o Relativismo Cultural seja absurdo (não se pode, logicamente, afirmar que uma determinada cultura tem a permissão de mutilar genitálias de mulheres quando chegam à puberdade, porque assim é o concebido ‘correto modo de vida’ de acordo com a cultura. Mutilar genitálias é sempre errado, não importa o contexto, o tempo ou o grau de sua prática), ainda convivemos em sociedades geralmente tão multi-culturais e globalizadas, que a definição prática de cada indivíduo compromete-se, inevitável e invariavelmente, à sua crença, educação e, especialmente, aos seus valores. Isto já se previa de Friedrich Nietzsche, que dizia ser o futuro da humanidade a vida em Relativismo Cultural oficialmente aceito pelas massas. Sabendo ser este o efeito que queremos evitar, mas que ainda cresce nas entranhas das civilizações, como podemos dizer que ‘uma sociedade X deve se comportar de modo X’, e coerentemente esperar que todos os membros da devida sociedade se adaptem às regras ditadas?

O Individualismo tem o propósito de tentar resolver esses conflitos. Se já sabemos, pelo menos nas circunstâncias mais básicas, o que é certo e o que é errado no modo do indivíduo se comportar com os demais indivíduos, órgãos representativos políticos e o meio ambiente, precisamos saber como chegar a reforçar a legislação usada para proteger os supracitados direitos e deveres de todo e qualquer ser vivo. Partamos do princípio educacional, primeiramente, mas apenas no próximo texto.

Até então, aos abrax

RF

3 comments:

Santa said...

O individualismo é conceito que exprime a afirmação do indivíduo ante a sociedade e o Estado. Liberdade, propriedade privada e limitação do poder do Estado - eis a tônica do Individualismo. Há tendência em se vincular ou relacionar capitalismo e individualismo bem como socialismo e coletivismo. Mas aqui trataremos do conceito expresso por Louis Dumont in, O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna.

O liberalismo é uma teoria ou doutrina de liberdade política e de liberdade econômica. De conformidade com os quesitos anteriores, orienta a ação do Estado e de qualquer autoridade, visando ao bem comum, sem ferir os direitos individuais.

Santa said...

Não sei se já leu o artigo INDIVIDUALISMO E LIBERALISMO: VALORES FUNDADORES DA SOCIEDADE MODERNA do João Batista Damasceno. Diz que o texto tem por propósito refletir sobre os princípios do individualismo e do liberalismo a partir da leitura sistemática de alguns clássicos sobre o assunto.

Bjs

Roy Frenkiel said...

Nao li o texto, mas meu professor me passou justamente essas duas vertentes que voce menciona, o Liberalismo e o Individualismo. Mas, o Individualismo daqui eh o do blogue, Santa, e nao uma estrutura filosofica que pode se chamar de seria. Talvez, com o tempo, leituras e estudos, eu possa decorrer sobre o assunto academicamente. No momento, vou aprendendo, vou postando, etc. Mas algo de interessante posso dizer, que justamente ontem falavamos sobre Dumont... Agora, pega leve, vai me corrigindo, rsss, mas eu vou sempre avisando que eu so estou aqui pensando em voz alta, ok? Beijao!