No filme “American Beauty”, de um de meus diretores favoritos, Sam Mendes, o veterano de guerra e pai do introvertido e complexo namorado da protagonista esconde sua homossexualidade às últimas consequências. Se nascesse depois de hoje, Sam Mendes teria um personagem a menos em sua trama brilhante que, como poucas narrativas hollywoodianas, expõe a esquizofrenia estadunidense.
Sim, pois hoje no Senado duas batalhas foram travadas pelas minorias do país. Uma, perdida, a do Dream Act, tentava legitimar a cidadania de estudantes trazidos ilegalmente pelos pais enquanto ainda menores e que não recebem seus diplomas oficiais pelo status imigratório ainda ilegal. 55 a 41 votos ainda separaram os estudantes ora brilhantes, que procuram apenas obter o produto de seus árduos trabalhos, de seu sonho ainda inatingido. Estudantes como o ativista Felipe Matos, a quem tenho o privilégio de chamar de amigo pessoal e antigo, desde os 22 anos de idade, e à quem a revista Carta Capital homenageia em artigo que pode ser acompanhado aqui.
A segunda venceu-se, no entando, e isto apesar da advocacia opositora ferrenha de John McCain. Aquele que podia ser nosso presidente primeiro exigiu uma pesquisa sobre a opinião dos soldados das forças armadas do país. Quando obtida a pesquisa favorável à proposta massivamente popular, fez-se o insatisfeito e pediu uma pesquisa científica sobre os efeitos da lei anti-constitucional, mas institucionalizada nas forças armadas. Quando obtida a pesquisa, ainda positiva e condizente ao que agora chamamos de realidade, ainda insatisfeito, pediu mais pesquisas e nenhuma delas, nenhuma opinião provava-lhe o ululante, nem mesmo quando oficiais de todos os setores das forças armadas demonstraram quão banal, quão vil e quão estúpido era privar seus companheiros de guerra e de serviço militar da honestidade quanto a suas respectivas sexualidades.
A proibição, que não lei, pois leis devem ser justas, humanas e iguais, infame de “Não pergunte que não respondo” finalmente caiu no Senado por 65 a 31 votos.
Mesmo sendo contra a guerra, negar beneficios, forçar o retiro de oficiais honrosos, que serviram por uma causa que acreditaram ou por outros motivos, não dando menos de si por uma ideia que os antecede, é a antítese de qualquer pais que ainda quer dizer-se democrático. Aconteceu na era de Barack Obama, mas não por Obama, acreditem, contudo muitos menos por John McCain ou Sarah Palin, esta mais preocupada em estourar os miolos de animais alaskanos indefesos. O que importa é que aconteceu.
Felipe Matos, homossexual orgulhoso, apoia a vitória de seus irmãos e irmãs. Torçamos por sua vitória em 2011.
RF
Saturday, December 18, 2010
Eu pergunto e tu respondes!
Essas Palavras Vos Trazem
"Don't ask,
2011,
Barack Obama,
Carta Capital,
don't tell",
Dream Act,
Felipe Matos,
John McCain,
Roy Frenkiel,
Sarah Palin
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4 comments:
não respondo nada...rs...desculpa, lindo, não li a postagem, só estou aqui pra lhe desejar boas festas e um 2011 arretado. sabe que às vezes tenho saudade daquele nosso arranca- rabo...rs...era divertido...
beijos
Rs Feliz fim de ano e inicio do proximo, Sandra.
bjx
RF
Roy, Sam também faz parte (como Coppola, Scorsese, Kubrick) dos meus diretores.
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Em relação à enorme vitória dos homossexuais (luta que Sean Penn brilhantemente já interpretou com Gus Van Saint), parafraseio Millôr Fernandes (só não sei se é dele):
"A vitória da razão é a vitória dos homens racionais".
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Abraço forte!
Por vezes, o mundo se move para a frente. Lentamente, mas se move. Pensando bem, este talvez tenha sido um movimento em direção ao passado, já que, segundo consta, muitos soldados gregos eram homossexuais.
Um abraço.
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