Monday, October 27, 2008

Reta Final

Faltam 8 dias para as eleições presidenciais. Barack Obama segue liderando, a cada dia passado mais sólido nas pesquisas nacionais e estaduais, e John McCain segue procurando reverter sua sorte.

McCain ganhou a fama de “Ás” por ter conquistado, em suas tantas eleições, o título nos últimos momentos de suas campanhas. Ninguém conluiu, até o momento, que Obama já ganhou.

O caso do prefeito Tom Bradley, que procurou a candidatura democrática ao Governo da Califórnia em 1982, ainda assombra as mentes dos analistas políticos. Bradley, negro, veterano prefeito de Los Angeles, vencia nas pesquisas gerais com boa margem, mas perdeu as eleições para o candidato George Deukmejian. De acordo com as pesquisas, grande parte da população branca dizia-se favorável a Bradley, mas de fato, poucos votaram pelo prefeito. O “efeito Bradley” é usado para explicar as diferenças consideráveis entre as pesquisas em boca de urna, e o voto concreto de cidadãos. O motivo é geralmente atribuído ao racismo.

O candidato republicano, contudo, não errou no tom de sua campanha. Não foram os ataques a Obama que o abateram, nem a escolha de Sarah Palin à vice-presidência, nem mesmo sua idade avançada. Seu histórico militar não o trouxe agouros, nem penúrias vieram de sua experiência no Senado.

O maior problema de McCain, ao meu ver, é que não seja, realmente, um “Ás” político. Tendo acomodado a filosofia de seu partido mesmo quando concorria contra George W. Bush, em 2000, McCain é, simplesmente, o piloto errado no carro errado para os tempos atuais.

Almoçando no restaurante da esquina de minha casa, disse ao filho da dona, amigo meu, Conrad Palmer, que Obama deveria vencer, mas se não vencesse, algo de muito errado há no sistema eleitoral.

“Em todo o país,” interrompeu um senhor que comia na mesa atravessada à minha. “Há algo de muito errado em todo o país.”

Apesar de concordar com o cliente do Palmer’s Seafood Restaurant, sei que existe grande parte da nação ainda fiel à economia republicana. Agora, com curto tempo antes da escolha final, meu veredito segue:

O partido Republicano atrái um padrão limitado de eleitores, entre ricos e pessoas de fé doutrinária. Os judeus que simpatizam com a filosofia conservadora se encaixam bem nos dois segmentos sociais. No entanto, há judeus democratas também, e muitas pessoas de fé, mesmo doutrinária, que têm se distanciado desta filosofia.

Esta distância já vinha ocorrendo antes das eleições, especialmente expressada nas eleições municipais de 2006, com uma maioria surpreendente de democratas eleitos ao Senado. Contudo, a partir de sinais mais contundentes da crise econômica alarmante, parece que poucos querem mesmo arriscar as mesmas idéias falidas de um governo que conseguiu, praticamente, desestruturar todo seu partido.

Quando McCain fala que Obama espalhará a riqueza da nação, usa-se de uma frase erroneamente dita pelo candidato democrata há algumas semanas. Em realidade, Obama apenas vai aumentar os impostos dos mais abastados e cortar os impostos da classe média a valores similares à época de Bill Clinton. Quando Ronald Reagan era presidente, a porcentagem do orçamento governamental baseado no “income tax”, imposto salarial, era quase três vezes mais alta do que o que Obama sugere a 2010.

McCain mesmo era considerado um “Ás” por posições como quando foi contrário ao corte de impostos sugerido por Bush há quatro anos. Logo retratou sua posição, e atualmente favorece ainda mais cortes tributários. E, para variar, esta é a jogada politicamente correta para um republicano. O partido não pode deixar de ser o que sempre foi, afinal, mesmo que “quando os fatos mudam,” há quem “mude de opinião” (John Maynard Keynes).

Com a crise aprofundando-se, a calma de Obama e o fato de jamais ter se movido, exatamente, da raíz de sua filosofia política, e McCain, por outro lado, usando jargões conservadores para compensar sua inaptidão econômica, errático e instável, foram os fatores que mais afetaram estas eleições.

O mundo enxerga em Obama uma pessoa “fresca”, de idéias nem tão novas, mas de postura madura, sincera, direta, um vice-presidente que carrega o mesmo prestígio de McCain, ou mais, em relações externas, e endossamentos essenciais, tanto entre republicanos quanto independentes.

Além disso, Obama teve mais dinheiro para gastar do que o partido Republicano, algo que o posicionou ao lado de presidentes concorrendo a reeleições em termos de organização campanhista. Desde as preliminares, os Estados Unidos tremeram por todos os cantos com recordes batidos de eleitores às urnas, e o senador por Illinois vive uma estação de celebridade, diferente das últimas corridas presidenciais.

Falta pouco para saber, enfim e finalmente, se os Estados Unidos está realmente pronto para alguma mudança. Que venha o 4 de Novembro.

RF

7 comments:

o refúgio said...

oioioioioioioioioioioioioi...
beijos!
e que venha 4 de novembro!
oxe, a verificação das letras de hoje foi: STOPI.
esse google não sabe mais falar ingrês não, é?

Jens said...

Vamô que vamô.
Parabéns pelo prêmio! Eu, o máximo que ganhei na minha carreira foi um processo por calúnia e difamação. Fui absolvido. Pensando bem, não deixa de ser um prêmio: fui processado por um coronel do Exército.
Um abraço.

Jens said...

Ah sim: pra cima com a viga! A estrela sobe.

Beti Timm said...

oi, Roy,
Tô aqui humildemente pra agradecer tuas palavras, lá no meu cantinho. Agradeço do fundo do coração.
depois volto pra comentar, pq aqui não é na corrida não. O dever de casa é sério.

A Mary Jane tem uma carinha meiga...

Beijos

Anonymous said...

Royzito, por sua causa tenho acompanhado de perto esta disputa! Vc sabe, nunca fui muito ligada nos donos do mundo. E tb por sua causa, descobri que estou torcendo ferrenhamente por Obama.
Mas sabe que fiquei pensando na reviravolta que aconteceu em BH? Claro que houve fatos novos que (ainda bem) detonaram o candidato queestava na frente. Mas nãod eixa de ser interessante a gente constatar que eleição só se ganha nas urnas, né? Pelo menos no país Tupiniquim é assim! (putz, até rimou. Pobremente, mas rimou! rs...)
Beijocas! E dá-lhes Obama!!!
Ah... voltarei lá e direi o que acho do colunista! rs...

Roy Frenkiel said...

Valeu Sandrinha! hehe
Jens, nao enche o saco, ate parece, velho! Aposto que alem dos processos, tais eh cheio de conquistas esqueletosas no armario! De todos os modos, o maior premio eh poder sempre acompanha-lo entre os "baguais" da porra linkada ao lado. Abraxao!

Beti, perfeitamente compreendido. E, tranquila q eh de coracao.

Loba, a questao, por exemplo, de aumentar os impostos dos mais ricos e cortar os dos mais pobres eh mal vista entre os classicos chavoes pensamentais da nacao. Ou seja, quando eu digo "apenas", meu contra-ponto eh o que ocorre e ocorreu por aqui nos ultimos 8 anos. Os mais ricos ficaram mais ricos, o clube do bolinha de Bush encheu o rabico de tutu e nao so popo, primeiro bombardeando o Iraque e Afeganistao, depois reconstruindo e providenciando uma ajudinha amigavel as tropas (com amigos como esses, quem precisa de inimigos?), logo bombardeando novamente, e ai so vai e nem termina. Os mais pobres ficaram mais pobres, a classe media esprimida pra baixo na escala Richter. O problema eh que aumentar impostos, claro, nao pode aqui nos EUA. Aqui, querida, o maximo que se pode fazer eh deixar que os cortes criados por Bush tenham suas datas vencidas, e nao renova-las. Portanto, mesmo sendo considerado melhor nas pesquisas e mais confiado especificamente pela questao economica, o campo de Obama agora sabe que nao pode viver como se ja houvesse vencido. Obama sempre diz: "Nao se esquecam de New Hampshire", estado das preliminares cuja vitoria estava ditada pelas pesquisas, mas perdeu para Hillary Clinton por margens substanciais. Ah, so pra finalizar o conto ai de cima, McCain tem em seu plano cortes ainda mais profundos a grandes empresas, e seu plano de seguro de previdencia apoia "tirar dos mais ricos para dar aos mais pobres", segundo suas proprias palavras. McCain, simplesmente, nao sabe o que faz. A questao nao eh qual presidente teremos, e sim qual povo seguiremos sendo.

abraxao

RF

Beti Timm said...

Roy,
prometi e aqui estou! já te falei que política sempre me dá rasteira. Mas não sou alienada, não, só não tenho a "verve" e o "profissionalismo" que vc tem. Mas estou torcendo muito pelo Obama, pq acredito será uma mudança em todas as linhas, no país. E mudar pra melhor é sempre bom. Parabéns pelo prêmio (0 Jens, é "chorão", mas já foi premiado tb) devidamente merecido. A cultura e o profissionalismo deveriam ser sempre premiados.
Fiquei honrada por me linkares! Qdo eu conseguir um tempinho, vou te linkar! Marinheira de primeira viajem e tendo que fazer tudo, é complicado.

Beijos carinhosos

Ps.: fiz o dever de casa direitinho, viu?