Por 24 horas, no dia 11 de Setembro, democratas e republicanos se uniram para lembrar a data e a tragédia massiva que tomou conta dos Estados Unidos pela primeira vez em mais de um século. A partir da meia noite de hoje, no entanto, a trégua acabou.
Enquanto John McCain e Barack Obama apareciam juntos no Ground Zero, local onde as torres do centro financeiro mundial são lentamente reerguidas, a cordialidade e a simpatia pessoal de cada candidato se manifestou em uma imagem propriamente estadunidense. À noite, em um foro em que os senadores apareceram separadamente questionados por moderadores oficiais, ambos explicaram em maiores detalhes o que fariam para o país, nos idiomas conservador e liberal.
O fato é que no dia 10 de Setembro a maioria dos jornais impressos e televisionados debateram durante a íntegra de suas programações os ataques de propagandas políticas republicanas contra Obama. E, pior do que tudo, ambos ataques discutidos são completamente falsos. Se não, vejamos:
“Você pode colocar batom em um porco, mas ele continuará sendo um porco.”
Antes que meus leitores da direita ululante pulem de seus assentos dizendo: “Ahá! Te peguei!”
A frase que Obama disse em um discurso na noite de 9 de Setembro referia-se à política econômica de McCain. A mesma frase foi usada por McCain duas vezes quando referia-se à política de Hillary Rodham Clinton. Aliás, esse é um ditado popular na política norte-americana, que basicamente quer dizer que mascarar o feio não o torna bonito, ajeitar o errado não o faz certo.
Se você adivinhou que o campo republicano, guiado pelo já aposentado juíz Karl Rove, usou a frase fora de contexto para clamar que Obama chamou Sarah Palin de porca, acertou em cheio. Primeiro ataque completamente falso e sujo do campo do senador pelo Arizona. O mesmo tipo de ataque, inclusive, que o derrotou contra George W. Bush nas preliminares republicanas de 2000.
A segunda propaganda também usa Palin, muitíssimo mais popular do que o candidato à presidência, para dizer que Obama apoiava educação sexual para crianças do jardim de infância.
Um dos grandes quesitos a distanciar o eleitorado liberal da atração de Palin é seu posicionamento em relação à educação sexual. Pela governadora do Alaska, nenhuma criança, de nenhuma idade, seria educada a mais do que abstinência. Distribuição de preservativos, então, nem pensar, afinal, quanto mais camisinha distribuída, mais sexo os adolescentes irão ter. Faz sentido? Não, mas nem precisa.
Novamente, o fato é que Obama jamais apoiou tamanho absurdo, e o mesmo ataque já foi feito por seu rival ao senado, quando elegeu-se pela primeira vez, sem funcionar justamente por ser falso. Obama nada tinha a ver com a legislação em questão, que visava educar crianças do jardim de infância a identificarem predadores sexuais, e alertar os pais sobre o assunto, uma paranóia nacional. Ou seja, o candidato democrata nem apoiou a legislação, e nem se tratava de educação sexual, propriamente dita.
Portanto, o campo de Obama, que vem sofrendo esta semana uma queda nas pesquisas (perdendo de McCain por uma média de 3-5% nas pesquisas gerais), pretende começar a atacar também.
Democratas de todo o país sentiram-se revoltados em 2004 porque as distrações que classificaram John Kerry como elitista e alienado (comparado a Bush, para que tenham idéia do tamanho da distração) não foram devidamente contra-atacadas. O candidato democrata pretendia elevar-se, pensando que o ano favorecia democratas, mas acabou perdendo pela maioria de votos, não só pelos colégios eleitorais.
Mesmo assim, graças ao estilo Rove de montar dossiês, mentir repetidamente até que a mentira cole, e distrair o público do que realmente importa em 2008, a campanha novamente parte de substâncias mínimas e muita fofoca.
O eleitorado não agradece.
RF
Friday, September 12, 2008
A trégua Acabou
Essas Palavras Vos Trazem
Barack Obama,
Hillary Clinton,
John Kerry,
John McCain,
Karl Rove,
Sarah Palin
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3 comments:
Hi Roy.
Viste a última da pitbull? Admitiu entrar em guerra com a Rússia. Apertem os cintos, os bárbaros estão mais assanhados do que nunca.
***
Porrada o texto sobre 11 de setembro. Na ocasião eu era funcionário público. Como todos, fiquei espantado. Mas não chorei.
***
Um abraço.
Oi, Roy,
Que cachorrinho lindo, parece quietinho, a minha é bem agitada,rsss...
Coloquei meu último comentário "lá", como um ponto final. Resumindo: temos que lutar pelo que é nosso e pelo que a nossa vida depende, quanto aos outros países, eles também têm muito com o que se preocupar, deveriam fazer isso, ao invés de ficarem procurando uma garantia para algo que não aconteceu e que todos poderíamos não deixar acontecer!
Por isso que tenho receio de quem é a favor do assunto em pauta! No caso, o Obama, já que você queria saber o que ele tinha a ver com isso,rsss...
Que coisa é esta de guerra que o Jens falou aí? Não estou sabendo!
Beijão.
concordo contigo: o eleitorado não agradece.
mas eu não sabia que vc era bom de samplers e scratches, meu caro Roy. ;-)
beijos.
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