Friday, July 25, 2008

Uma Anedota e Algum Bullshit

Há um ano atrás li uma postagem na blogoesfera vizinha que usava um vídeo apoiado por um segmento da BBC para rebater as teorias ambientalistas de Al Gore. Desde então, tomei conhecimento de muitos detalhes sobre o tema do Aquecimento Global, mesmo sem jamais ter me interessado nele assiduamente. Discutindo nas comunidades orkutianas, descobri que realmente há dois lados concretos à questão.

Todas as fontes sofrem pela parcialidade ao tema que defendem. São todos um bando de “Michael Moore”s. Mas as fontes existem.

Escrevi sobre esse vídeo aqui em casa, e um de meus argumentos principais era que Gore não pode nem deve ser considerado a fonte - nem mesmo mínima - desse assunto. Contudo, nunca negarei que defendi o "ambientalismo".

Gore é, afinal de contas, um grande político, mas não uma grande pessoa. Deveria ser o presidente dos Estados Unidos, mas até mesmo por sua própria fidelidade à política, desistiu da batalha antes do tempo, e não lutou o suficiente para uma justa recontagem dos votos em 2000. George Bush venceu, e Gore não perdeu.

O mais interessante é que seu filme, “Uma Verdade Inconveniente” (tradução livre), apenas mostra o próprio ex-candidato-ex-vice-presidente-clintoniano, e uma série de Power-Points exagerando todos os efeitos do Aquecimento Global constatado. Exagerando, digo, pela escassez de provas e excesso de palavras manipuladoras de todos os mecanismos defensores do sistema nervoso humano. Nenhum cientista foi trazido às cenas, apenas um ou dois estudantes de biologia cursando ginásios elitistas.

Ontem à noite assisti o programa Bullshit na emissora Showtime, apresentado pelos mágicos e comediantes Penn e Teller. Penn é libertário, ou seja, conservador econômico e liberal em assuntos sócio-morais. Profano, discursa sempre ao lado de seu amigo mudo, que com poucos gestos diz mais do que qualquer pessoa poderia. Nem sempre concordo com suas posições, mas é inegável que seu programa, extremamente hilário, inteligente, rápido e escrachado, traz excelentes pontos lógicos à mesa.

Os temas dessa última estação variaram desde todas as besteiras comerciais que envolvem o sono (melhores colchões, remédios, técnicas de relaxamento usadas por amadores fingindo serem profissionais em áreas inexistentes na ciência para tirar bufunfa do povão, etc), todos os mitos sobre os golfinhos (os seres mais inteligentes do planeta, absurdos espirituais, e todo o dinheiro conquistado com as superstições envolvidas em mais um ramo da fé), e todas as gafes da NASA, a agência governamental dedicada a pesquisas espaciais, localizada na Flórida (financiamento público de tarefas opcionais, falha no reconhecimento de erros responsáveis pelas quedas de espaceonaves como Charger e Challenger).

Ontem, Penn e Teller falaram sobre o Aquecimento Global.

Pois, me surpreendi com o programa, por discordar do extremismo conservador que refuta o fato de que o CO2 produzido em excesso pode causar, acrescido pela humanidade, desastres naturais como os que testemunhamos recentemente.

Quando penso na intensidade do desmatamento amazônico, no uso desenfreado e desperdício da água, na poluição iminente, nas extintas chuvas-ácidas, nos derramamentos de petróleo em oceanos, não consigo deixar de “acreditar” que nós, seres humanos, impactamos o planeta. Porém, há realmente cientistas que comprovam que esse Aquecimento Global não advém de nossas atitudes, e entre os mais conhecidos argumentos está o fato de que nós somos responsáveis por apenas 3% do dióxido de carbono depositado na atmosfera.

Outro bom argumento é que todas as mudanças climáticas radicais do planeta ocorreram antes da expansão tecnológica que resulta no consumo copioso dos recursos naturais de nosso planeta.

Mas o que Penn e Teller conseguiram fazer é não desmistificar o Aquecimento Global, apenas expôr fatos como o consumo elétrico de Al Gore, que usa uma porcentagem absurda de energia a mais do que o cidadão comum, mas prega “abstinência”. Para balancear seu uso e hipocrisia, Gore abriu uma companhia que investe em combustíveis alternativos, baseado no pagamento individual de taxas (multas) baseadas no consumo e dispêndio pessoal de seus “clientes”. Ou seja, Gore se paga (boa parte dessas companhias o pertencem) para apaziguar a culpa nacional.

Além disso, claro que o mercado está lotado de pessoas que se aproveitam da culpa ambiental para encher o bolso de dólares. Inventam “terapias eco-ilógicas”, multas pelo produção de dióxido de carbono (vide Gore), carros que clamam ser econômicos, mas jamais o são, e muito papo para poucas atitudes. Somente o preço alto da gasolina pôde contribuir para a diminuição do uso de vãs e veículos de alto consumo. Enquanto isso, muitos pregam como todos devem se comportar, e poucos realmente o fazem.

Resumindo, acredito que Penn e Teller conseguiram colocar o tema em suas proporções. Claro que as grandes companhias não querem ter de gastar ao incluirem-se nos protocolos ambientais. Mas há muitas outras companhias que lucram em cima da ingenuidade do povo, composto de muita gente que realmente quer ajudar e não sabe como, ou quer ajudar com demasiada utopia, e acabam sentindo-se culpados, ou forçando-se à hipocrisia.

Há evidências severas do Aquecimento Global, e Penn o admite. Há muito a se fazer para construir um melhor planeta, não há dúvidas. Mas precisamos canalizar a preocupação a alimentar todas as crianças famintas do mundo, o que jamais poderia ser feito através do aumento do preço da gasolina (taxando a gasolina para reduzir sua dependencia), o que poderia matar milhões de camponeses mundo a fora. Também precisamos acabar com os conflitos primitivos de nossa humanidade, porque mais fácil uma guerra atômica do que o apocalipse ambiental.

Somente uma pequena anedota para fechar a semana.

Aos abráx,

RF

3 comments:

Prof Toni said...

Roy, sugiro-lhe a leitura do pesquisador brazuca, Luiz Carlos Molion, ele tem posições interessantes sobre o tema. Caso queira remeto-lhe texto de uma recente palestra que ele fez na USP. Abraço. (PS: eu sou da turma que pensa que estamos entrando numa nova glaciação...)

Roy Frenkiel said...

Professor, adoraria ler o que tens. Por favor, remeta o texto quando puder, e certamente procurarei saber mais a respeito.

Voce, como professor, tem mais cacife do que eu para opinar a respeito. So tenho a dizer mesmo que nao se pode confiar em absolutamente nenhum politico, incluindo Barack Obama, e esse eh um grande fenomeno malevolo da natureza.

Abraxao

RF

Jens said...

Oi Roy.
Tô gostando do Aquecimento Global. Por causa dele, o inverno ainda não chegou aqui no Sul (aliás, deu uma rápida passado em maio, no final do outono). Em julho calor, alguns dias com temperatura de 30 graus. Agora, no finalzinho, chuva, com previsão de frio para o início de agosto. Depois, que venha a primavera, e as mulheres de pernas de fora. Dizem que o mundo vai acabar. Como devo acabar antes dele, tudo bem. Eu quero é festa. (Meu Deus, que porralouquice, que irresponsabilidade, que falta de visão política. Tsc, tsc, tsc... sorry...).
Marisinha manda um beijo nas breubas... do Jiló (hehehe...)