Quão raro é ler-me escrevendo sobre economia, mas pela primeira vez em minha vida compreendo na prática algo do que se diz na teoria. Claro que não me refiro ao movimento da bolsa de valores, ou ao funcionalismo do Banco Federal (o Fed, carinhosamente apelidado por meus coterrâneos), ou como a queda dos juros aumenta ou diminui a inflação.
Minha matemática é muito mais simples do que a matemática do louco Kramer, quando usa capacete de operário ancorando o programa Mad Money, na rede CNBC, a central econômica da NBC. Não sei se vale comprar ações das companhias que apresenta, nem se não valem nada. Em realidade, ainda não compreendo muito bem como se vende ou compra no “mercado”. Parece-me coisa de ficção científica.
Mas hoje em dia sinto no bolso o peso da situação econômica atual. Como já relatei antes, além de minha mãe ter caído no golpe dos empréstimos flexíveis na compra de sua casa, logo a perdê-la pela desvalorização do imóvel e a inflexibilidade das altíssimas e surreais prestações, ainda sofremos todos o preço alto da gasolina.
Há um ano atrás, quando Lilica me visitava por primeira vez, levava-a com o carro pagando uma média de 2 a 2.5 dólares pelo galão. Nesse ano, após 18 dias consecutivos de aumento a um centavo diário, o galão sái por uma média de 3.6 a 3.8 dólares. Aliás, hoje foi o primeiro dia de queda no preço do barril de petróleo, fechando ontem a 112, forçando a queda de .98 centavos por galão. Que alívio...
Parado em um posto perto de casa, um senhor fazia questão de comentar em voz alta que antes preenchia seu tanque por 20 dólares, e agora o mesmo tanque do mesmo carro econômico só se basta com 53. E a comida? O mesmo senhor nos dá o exemplo: Uma caixinha de arroz para três refeições antes custava 2 dólares. Agora, mais de 4.
No restaurante da praça do escritório onde trabalho, dona Virgínia Palmer diz que viu-se obrigada a finalmente ceder e aumentar o preço de seus pratos. Contou que até o entregador da Cisco, companhia de distribuição alimentícia, pede uma taxa oficial para compensar os gastos com a gasolina. Virginia conta que há alguns dias, um casal se sentou à mesa de seu recinto e fez cara feia ao conhecer seus preços. Logo, depois de semana ou mais passada, voltaram e, questionados pela surpresa da dona do restaurante confessaram, não há nenhum lugar mais barato do que esse.
Ao que me vale, camaradas, a ajuda financeira que a faculdade me prometera ao próximo curto termo escolar de verão foi suspensa. Não só eu fiquei sem bufunfa, mas todos os meus colegas. Houve interdição estadual pelo orçamento defeituoso de 2008, algo já antes previsto. Minha colega, Nitza, relata que seu filho perderá a oportunidade de reforçar seu conhecimento acadêmico no verão com a comum e essencial fase de reforço em recesso, algo como a recuperação obrigatória no Brasil. As escolas públicas cortam diariamente cada vez mais recursos, refletindo o descaso e o desvio orçamental.
Enquanto a guerra no Iraque esvazia os cofres estadunidenses, a proposta agora é cortar os impostos sobre a gasolina, que são dedicados a arrumar pontes como a do Minnesota, que caiu há pouco tempo, e estradas decadentes para evitar que cheguem ao nível das estradas brasileiras. John McCain propôs o corte, e Hillary Clinton subiu no barco dizendo-se mais centrista, equilibrada, pedindo que o dinheiro seja tirado dos lucros recordes das companhias petrolíferas. Barack Obama diz-se contra o corte, pedindo que não negligenciem as estradas, como suspeita que possa ocorrer.
Esse enfadonho corte, contudo, apenas aliviará uma média de 15 centavos por galão ao consumidor. Ou seja, o que agora sái por 3.6, sairá por 3.45, mais do que um dólar a mais da média de 12 meses atrás. Novamente, as balas e os chicletes são bem usados na negociação com os plebeus da nação. Pior é que o suborno barato funciona.
Pago de meu bolso 154 dólares mensais para ter um seguro de saúde que me fará pagar mais de 2,000 dólares anuais caso algo aconteça, 30 dólares por consulta médica, 50 dólares por qualquer utilização especial e 500 dólares por dia, pelo máximo de 5 dias, em um quarto hospitalar caso seja necessário. Justamente porque me operei da hérnia, devo 100 dólares mensais até Novembro, sendo que me operei em Junho do ano passado, ao hospital que me hospedou por míseras quatro horas.
Acredito que seja então apenas essas as minhas reclamações. Agora entendem porque chamo nossa humanidade de um bando de bebês chorões, quando se preocupam com Wright e a risada sarcástica de Hillary Clinton? Haja pañales, cabrones, haja pañales.
RF
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