É ano de eleições presidenciais nos Estados Unidos. Antes mesmo de Janeiro, o ambiente nacional já se tornava lentamente cada vez mais político, a cada dia preparando-se mais para a batalha sangrenta que ainda há de vir antes de Novembro.
No entanto, com a indecisão do partido Democrata e resolução de seu partido rival, sendo que as próximas primárias ocorrerão apenas no dia 22 desse mês e a última apenas em Junho, existe um determinado vácuo na mídia, que procura levantar e derrubar temas com o único propósito de atrair audiências às redundâncias que populam a maioria de seus programas.
Ontem fomos bombardeados por especulações de líderes democratas pressionando o retiro de Hillary Clinton do concurso. Nancy Pelosi, lider do Congresso, disse em melhores palavras que o partido encontraria uma solução ao dilema antes da convenção de Denver, em Agosto. Também somos diariamente expostos a pesquisas da Gallup dizendo que Obama vence na Segunda-Feira por oito pontos, na Terça por onze e hoje por apenas quatro, sendo que amanhã pode perder por 35. Assim, representantes diversos preenchem o vácuo da mídia com uma intenção que mais parece vagar em nome da audiência do que disparar por causas místicas superiores.
Nesse murmúrio, o que mais me interessa é perceber como comentaristas, analistas, âncoras e repórteres às vezes dizem exatamente o que aqui digo. Quando eles mencionam a ansiedade da mídia em produzir histórias, contudo, fazem sucesso porque se desenquadram do grupo mencionado. Falam do “outro”.
Pareceu-me hilário ler ontem, por exemplo, um artigo do sítio eletrônico da Fox News em que o colunista John Lott grita contra a parciliadade de noticiários e periódicos impressos a favor de um governo liberal ao ponto de forjar o mito da recessão nos Estados Unidos e alarmar a população para que votem pelo rival de John McCain, seja quem for.
Seria legítima sua reclamação e os fatos que apresenta, econômicos, de caráter complexo ao conhecimento de entendendores, o que não se pode dizer da maioria de seus leitores eu incluso; seria legítima se a Fox News tivesse menos fama, menos evidências incontestáveis como a força da gravidade de sua parcialidade conservadora, se os fatos que produz e escolhe divulgar não fossem (des)cuidadosamente levados ao ar ou às páginas virtuais com o intuito de inspirar conservadorismo e valores fanáticos protestantes-cristãos.
Seria até mais aceitável caso os republicanos não fossem conhecidos por usar o medo como tática campanhista, se o terrorismo não tivesse sido tão explorado em 2004, se houvesse alguma diferença na conduta de outros influentes políticos do passado, pertencendo a ambos partidos. Porém, George W. Bush explorou o medo depois do 11 de Setembro como poucos souberam fazê-lo, em um mundo tão excessivamente informado, que padece de péssimas informações. O medo é a base do conservadorismo mais puro, dos valores morais religiosos, o medo do inferno, o medo das impurezas, o medo do que não é santo, mesmo que seja sagrado.
Se o termo “recessão” apenas se resume a duas quinzenas fechando consecutivamente em baixa na bolsa de valores, então aparentemente não estamos em uma. Mas a classe-média não deixa, pela bolsa de valores, de sentir o peso do preço da gasolina, e a crise imobiliária já deixou e deixará muitos abaixo da linha da pobreza mesmo que temporariamente. Os cortes orçamentais em estados como a Flórida criarão inúmeras faltas essenciais ao condicionamento social e econômico do país. Enquanto estradas e institutos correcionais privados serão super-financiados, hospitais, escolas e outras instituições do mesmo porte serão negligenciadas, incluindo institutos de recuperação e reabilitação de viciados em drogas lícitas ou ilícitas.
O vácuo que se cria dá espaço a contos como o do Reverendo Wright, a memória fictícia de Clinton sobre sua viagem à Bósnia, a gafe mais recente de Barack Obama quando disse, no contexto de uma discussão social muito mais abrangente, que não queria que uma adolescente fosse “castigada com um bebê” ao ter relações sexuais. Esse mesmo vácuo dá espaço a ataques midiáticos de todos os lados, a CNN contra a MSNBC, a MSNBC contra The New York Times, a Fox News contra todas, The Wall Street Journal a favor, contra e no meio da briga democrata, cada um acusando o outro do que todos são culpados.
Algumas coisas estão claras: Clinton não pretende desistir, Obama vence em bom estilo momentaneamente, o humor ainda favorece o partido democrata, o desgaste das primárias pode muito bem não ser assim tão desgastante, John McCain empata com ligeira vantagem em pesquisas hipotéticas tanto contra Clinton quanto contra Obama, a economia é sempre explorada, mas a guerra também é, a mídia nunca é imparcial e o país sofre economicamente, mesmo que nem todos sofram ao lado do país. E John Lott pode beijar minha bunda.
RF
Wednesday, April 02, 2008
O Vácuo
Essas Palavras Vos Trazem
Barack Obama,
FOX NEWS,
Hillary Clinton,
John Lott,
John McCain,
MSNBC,
recession,
The New York Times,
The Wall Street Journal
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6 comments:
Não acredite em tudo que a imprensa escreve.
Oi, chegou a alienada...rs...Ah vi que o George Clooney (aquele ator gostosão) tá apoiando o Obama, a Brooke Shields também. Tá vendo? não estou tão por fora assim das eleições americanas.
um beijo na bochecha. ;-)
"na minha casa todo mundo é Obama, todo mundo bebe todo mundo samba"
respondi o teu último comentário, lá no refúgio.
beijão.
Roy, John Lott? Ah não vc merece que outro beije sua bunda...rsrsrsrsrs...
Retiro um dos meus primeiros comentários que muita água irá rolar...A água já esta rolado...
A concidência, lendo seu texto e assistindo Manattan Connection e Caio Blinder ( que é Obama), Diogo Mainardi ( Hillary), Lucas Mendes ( que é neutro) e Ricardo Amoim que aborda principalmente a crise financeira...o debate é eleições americanas...vou pegar a opinião deles e depois te digo.
beijosss
Ixi, Tania, o Lott beijando minha bunda seria bastante divertido! Claro, a Lilica preferiria ser a unica a beijar minha bunda, mas se assim for, assim sera. Veja as opinioes e me conte.
bjx
RF
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