Tuesday, February 12, 2008

Primárias de Potomac

Nesse passado final de semana, a partir do dia nove desse mês, Barack Obama montou um foguete de vitórias consecutivas que lhe aumentam as chances à nomeação pelo partido Democrata.

Apesar da vitória única de Mike Huckabee em Kansas, John McCain ainda é o candidato republicano à presidência. Agora com ainda maior influência, McCain recebeu os endossamentos de Gary Bauer, conservador social, Jeb Bush, primo da família presidencial e ex-governador da Flórida, e Jeb Hensarling, lider de um comitê conservador do partido Republicano.

Três fenômenos ocorrem simultaneamente no capítulo eleitoral de 2008: O candidato republicano ainda não conquistou o apoio da base conservadora; Obama e Hillary Clinton vêem-se cada dia mais próximos na contagem de delegados não importando qual contagem se confie; a espera do milagre de Huckabee parece cada vez mais desesperada, mas ao mesmo tempo o candidato não desiste, dando chão a eleitores que não simpatizam com McCain a continuarem demonstrando o sentimento abertamente.

Para os democratas, a contagem dos delegados varia de 20-50 pontos de diferença entre Clinton e Obama dependendo do veículo jornalístico que o eleitor decidir confiar. O senador de Illinois nascido em Hawaii venceu nos “caucuses” de Nebraska, Louisiana, Virgin Islands e o estado de Washington no Sábado, e ainda conquistou o “caucus” de Maine no Domingo. Segundo os colossos da mídia, estrategistas de Clinton dizem que sua resistência está em Ohio e em Texas, estados que votam no dia 4 de Março. No entanto, há quem diga que ela ainda precise vencer em pelo menos uma das mais próximas primárias se quiser abafar o crescimento estrondoso de seu rival.

Hoje votam o Distrito de Columbia, Maryland e Virginia, enquanto as pesquisas favorecem a vitória de Obama. Clinton ainda pretende vencer no dia 19 desse mês em Wisconsin ou Hawaii, mas nenhum dos dois estados a favorecem. Praticamente até o quarto dia do mês que ainda vem, a senadora de New York pouco tem a fazer que não esperar e apertar sua campanha nos dois grandiosos estados das futuras primárias.

Para defender-se, disse que Barack Obama tinha vantagem no campo dos “caucuses”, que importavam menos do que as primárias, sempre mais ricas em delegados. No entanto, analistas políticos confirmam que “caucuses” melhor representam a vontade e mentalidade do povo, já que são abertos a não-afiliados, uma das principais diferenças entre um “caucus” e uma primária, geralmente fechada a democratas.

Ambos precisam do número mágico de 2,025 delegados para surrupiar do outro a nomeação. O maior problema é que, no caso de não chegarem a esse número, mais de 800 super-delegados (mais uma invenção “kitch” dos filhos de Sam) decidirão quem será o nomeado. Se a contagem de delegados já nega, explicitamente, a vontade da maioria da nação de diferentes estados, o voto dos super-delegados pode desconsiderar completamente a vontade de toda a nação. Mesmo que Obama ou Clinton cheguem ao maior número de delegados, a vitória dependeria da graça de oficiais eleitos e líderes do partido, que têm o poder especial de desfazer o sentido das urnas e liderar o partido para o lado desejado.

Nesse processo as falhas apenas se re-descobrem, mas não são novas. No momento, Dan Abrams (MSNBC) e Anderson Cooper (CNN) conduzem praticamente uma campanha contra a noção de super-delegados, mas apenas o fazem pela relevância especial que os super-políticos adquirem em face dessas eleições. As regras sempre existiram, e procurar mudá-las agora me parece tardio demais. O mesmo ocorre com a contagem de delegados. Afinal, Obama venceu um número concreto de estados a mais do que sua rival. Está mais do que claro que a vontade da maioria, no momento, pertence ao jovem aspirante à presidência, e de acordo com o sítio PollReport.com, Obama vence de McCain nas eleições gerais por sete pontos, enquanto Clinton permanece empatada.

Já do lado republicano, apesar de conflitos com Fidel Castro, John McCain ainda sustenta uma liderança confortável, e com seus últimos endossamentos começa a conquistar paulatinamente o voto dos ultra-conservadores. Há quem nele jamais votará, o que pode dificultar sua trajetória à Casa Branca. O mesmo ocorre com a presença de Mike Huckabee, que pode enfraquecer McCain até o dia de sua desistência, que bem pode ser cada dia mais próxima
a Novembro.

Mas se Huckabee prejudica McCain, a escolha do candidato democrata prejudica ambos Hillary Clinton e Barack Obama. O que se vê é que o povo, finalmente cansado dos oito anos pesadelosos que se passam, ditou uma nova dança aos candidatos. Os espertos a dançam, e os primitivos a abominam. É só prestar atenção nas notícias para saber quem é quem.

RF

1 comment:

Jens said...

Chegou a hora de atravessar o Potomac. Vamô que vamô.