Foi o espirro de uma noite
Que suspirou mil anos,
Que recriou de seu intestino
Um útero eternamente mundano,
Repletamente humano.
Foi o respaldo de um universo
Que conspira sem motivos,
Sem razões desmotiva,
Cem questões à deriva
Do alcance de quem somos.
E o resplendor de imensas trevas,
O bombardeio copioso de todas as guerras,
Todas as terras de ninguém.
Foi quem se foi deixando amor,
Ou quem se foi deixando rancor,
Horrores, mágoas, aparências,
Aparições, milagres e galhofas,
Quem nos disse que a prece importa,
Quem nos confessou que a prece
Não traz prejuízo, apenas dor.
E nos ciclos que circulamos,
Nos temores que tememos,
Nas abstinências das quais nos abstemos,
Ainda somos o mundo de alguém,
Alguém que caminha com o mundo,
Sentido contrário do mundo,
Sentido desmembrado do mundo,
Volta redonda e quadrada,
Murro na faca sem ponta,
Soco na contramão,
Alguém que se vai
Como o tempo permite,
Com o tempo limite,
De tudo o que foi.
RF
Friday, December 14, 2007
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10 comments:
Hoje entendo quando dizer que o Brasil tem a letra "b" de bobão, bundão...
Me diz? como fazer pra sanar isso, explodir tudo ?ou delegar a Deus?
beijocas
Porrada, meu amigo. Andas lendo o quê? Eliott?
Não sei o que falar.
Só posso dizer para acreditar, que senti imensamente o seu texto.
Sinta-se abraçado, camarada... como diz um poema do heterônimo de Pessoa, o Ricardo Reis, vou colar aqui, é lindo e pode comentar melhor que eu o seu texto:
"Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente nao cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço."
R
Passei por aqui.
gostei de ler-te, fica um beijo de amizade e votos de um feliz natal
Pi
Roy:
Feliz Natal pra ti e todos aqueles a quem queres bem. Muita alegria. Muita felicidade. Esqueça as amargas; libera o guri que existe dentro de ti.
Um grande abraço.
Olá, rapaz!
Passei para matar as saudades. Percebo que as questões profundas continuam a inquietar o teu ser.
Boas Festas!
Que em 2008 realizes teus sonhos e encontres muitas respostas aos teus questionamentos sobre a alma humana.
Beijo grande no teu coração!
Re
Olá Roy,
passei para desejar o que pode ser considerado como muitas e boas neste final de 2007 e em dobro pra 2008.
sorte, saúde, felicidade e amor
Grande abraço
Roy: ... parece que esses dias só nos remetem a balanços, balanços...vamos para o 3°ano de contato. Espero que de muitos outros. Até a volta, amigo, vou ao encontro do meu amor, só agora reconhecido!
beijo grande... e dias alegres .
Até!
Nem vou comentar, pois hoje estou aqui pra te desejar Feliz Natal, pleno de ternura e paz.
Aqui, deste lado, as minhas fraternas saudações natalícias!
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