Friday, November 30, 2007

Quandos

Quando, empurrado pela goela, escorre o negro do café
Refletindo o buraco negro de meus olhos
Se excitam os pensamentos inquilinos, donos,
Nem mesmo de si.

Vem da gula a secura da fartura escassa
Vem do poço o osso que se faz de meu intenstino
Do eixo retangular que se constrói no quadrado
De minha mente entre-fechada.

O abstrato faz-se estapafúrida visceral
E o sêmen cria asas a flutuar entre meus vícios
Abre-se estupefato a tremer-se em meus suspiros
Avassaladores.

Quando engulo cada grão da chuva celeste
O pútrido ácido sulfúrico de meus dentes
Estraçalha-se ofegante e sôfrego
Rompendo a farpas o cálcio esbranquiçado
Que modela minha moela.

Ao amanhecer, roto
Ao entardecer, corrompido
Ao anoitecer, corrupto
A cada madrugada desgraçada e abençoada
Corroído.

3 comments:

philosp said...

Roy corrói...
Quando empurras o negro do café goela abaixo, ele não reclama? :P
Ótimo!
Beijos!

Anonymous said...

Grande, como sempre!
Beijo!

Anonymous said...

Se tua boca encontra o hálito quente de um café récem tomado, gostas em sentir o sabor que escorre por tua alma, a te refazer de desejos.


sacerdotisa