Wednesday, September 26, 2007

A Censura Vence, Somente

Nas últimas duas semanas, o governo estadunidense passa pelo processo de preparação ao encerramento do ano fiscal e legislativo. Democratas e Republicanos fincam suas raízes e formam suas bases às campanhas eleitorais iminentes. 2008 será um ano marcado por mais uma luta democrática intensa, e o eleito presidente precisará demonstrar mudanças concretas depois de oito anos falidos da presidência do Sr. Bush.

Democratas lutam pela conquista do controle total da Casa Branca, já liderando no Congresso e no Senado. Entretanto, sua base vem perdendo batalha trás batalha na maioria dos plebiscitos realizados. Quando tentaram cortar o orçamento conferente à guerra no Iraque, perderam de uma sólida coalisão bipartidária. O mesmo ocorreu quando exigiram o retorno das tropas em nove meses através da tentativa de uma lei indireta.

Duas campanhas parecem vingar, apesar dos pesares. Uma delas, apenas parcialmente. A lei que exige o financiamento de $35 bilhões de dólares para a inclusão de 3.8 milhões de crianças no sistema de saúde Federal foi aprovada com larga vantagem.

Contudo, o Presidente Bush prometeu vetá-la., chamando a mera tentativa de “suja jogada política,” forçando um veto embaraçoso ao presidente, e levada a cabo apenas por interesses políticos às vésperas das eleições presidenciais de 2008. A emenda, além de aprovada com uma diferença de quase 100 votos, tem o apoio da maioria das companhias de seguro de saúde (segundo o Miami Herald), e certamente conta com o apoio de boa parte da população.

A segunda campanha bem sucedida foi a ordem de retirada do anúncio publicado no New York Times pelo grupo MoveOn.org, chamando o General David H. Petraeus (pronunciado Pêtrêiús) de “General Betray Us” (General que Nos Trái). Democratas e Republicanos votaram em peso pela censura do anúncio, que foi supostamente publicado com um desconto especial garantido pela agência publicitária de um dos jornais mais influentes dos Estados Unidos. A censura realizou-se, mas o assunto não se extingüiu, apesar de que as consequências parecem minimizadas por outros critérios essenciais às campanhas dos respectivos pré-candidatos.

Hillary Clinton, por exemplo, acusada de copiar seu anunciado plano à saúde universal do candidato John Edwards, clama o sabor da vitória em outras conquistas midiáticas. Com a iminência de uma publicação sobre seu marido na revista de "vaidades masculinas" GQ, supostamente contendo informações sobre conflitos internos na campanha da senadora novaiorquina, a Sra. Clinton decidiu usar sua influência para vetar o artigo, que sairia em Dezembro desse ano, mas foi “assassinado” pela editoria da revista.

Ponto negativo, segundo analistas da MSNBC e CNN, para ambas GQ e Hillary Clinton. A primeira por adentrar um campo no qual não se especializa, e a segunda por preocupar-se com a censura ao invés de agir com a maturidade necessária ao cargo presidencial e permitir que a verdade seja dita a qualquer preço.

Talvez, as eleições de 2008 mudarão mesmo a face atual dos Estados Unidos, mas os tempos indicam mudanças positivas e negativas. Democratas, apesar do poder maioritário no Congresso e no Senado, não conseguem aumentar a força de sua coalisão. Por outro lado, conquistam cada vez mais eleitores independentes. Donald Trump, dono e fundador da empresa de hotéis Trump, disse em uma entrevista com Larry King na CNN que o Presidente Bush é um obstáculo para a possível eleição de um Republicano em 2008. Confessa não compreender como John Kerry perdeu as eleições de 2004, e diz que confia na competência de Hillary Clinton e Rudy Giuliani, mas que para a menor chance da candidatura de Giuliani, o Presidente Bush precisaria se esconder. Como potencial eleitor Republicano, Trump provavelmente expressa o sentimento comum do estadunidense mediano.

Mesmo assim, ainda não se sabe se os Democratas têm suficiente fibra para realizar o necessário. Dependerá, como sempre, da capacidade política que o povo desenvolver, e da intensidade das reivindicações em pauta. Caso contrário, o Congresso e o Senado sempre serão alheios às necessidades daqueles que se vêem cada vez menos representados nos Estados Unidos.

RF

3 comments:

Anonymous said...

Quer dizer que para que um republicano seja eleito, no caso o ex-prefeito Giuliani, o Donald Trump recomenda que Bush fique na "moita"? (desculpe o trocadilho infame, foi irresistível). Tá parecendo - mal comparando - o Geraldo Alckimin e o Serra se esquivando do FHC na última eleição Brazuca...
Um abraço

Jens said...

Notícias fresquinhas diretas da Corte? Beleza, Roy. Segue por aí.

Anonymous said...

Viu só, viu só... até eu tô aqui sabendo notícias estadunidenses :)
beijinhos
Ca