Monday, June 11, 2007
Moeda
Moeda é antes cunhada, selada e dourada.
O metal de seu metal
Cria-se sem nenhum valor especial
Na vivacidade de uma ou outra madrugada
Cresce valente, estampada
Passa a pertencer-se e a outrem
Como tivesse nome de alguém
Como se não valesse nada
Mas, logo começa o manuseio
Uma duradoura manuseação
A, violentada de mão-em-mão,
Transformá-la em tiroteiro
Ou, vira tirante de quem tem
Almirante de quem não tem
Irritante, cruzeiro, cruzado, vintém
Como se não fosse ninguém...
Usam dela estrangeiros alienados
Pintores, construtores e planejadores
Atoras, cantoras, Maria e Dolores
Geralmente, algum bufão alucinado
Empregam-na sacanas
Em nome da sacanagem
Em nome da malandragem
Em nome de um nirvana
Por um milagre que não te pertence
Por uma prece que não te apetece
Refletido ao metal que a ti se aderece
Que na palma de tua mão se pence...
Moeda é antes cunhada
Logo lavrada
Logo estuprada
Logo sufocada
Logo pertence
Ao ditador das Américas
À mãe, ao tio, às homéricas
Às histéricas
Ao rei ou ao plebeu
A troco de chumbo
A troco de pele
A troco de ateneu
A luzir por cegos
A cegar virtuosos
A adquirir valores...
Complexo de identidade
De quem antes
Não era nada
RF
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1 comment:
Muito, mas muito bom mesmo, ROY!!!
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