Thursday, May 10, 2007

XXX & Otras Cosas

Okay, então o negócio é o seguinte: estou completamente taradinho, agitado, e não é ansioso, é ligeiro, querendo absorver tudo rápido, querendo uma suruba visual e carnal com tudo que se esbarra em mim. Estranho isso, mas sinto-me assim desde ontem. Desde o fim de semana venho refletindo sobre o mundo, sobre a vida, bem como sempre faço, mas talvez com a diferença do hoje para o ontem, o amanhã do passado. Explicar o que eu sinto é até possível por intermédio de metáforas e estapafúrdias, mas a realidade é que jamais saberá o careta o que se sente quando se está chapado. O mesmo ocorre comigo agora e, o pior, não sei se é questão de algo que eu comi, porque se for algum sentimento, não o reconheço assim, a primeira mirada, o que significa que estava reprimido e se soltou, que se sufocava e exauriu, que se requebrava e exaustou, coisas do gênero. Assim que esse texto meio porra-louca inteira tratará de minhas últimas pequenas impressões sobre meu planeta.

Pois, por fim, que há muito tempo não passo alguns dias consecutivos constantemente sem vidrar-me na morte. Isso se deve, não posso negar, a uma combinação de fatores tanto pessoais e secretos, quanto sentimentais e expressivos. Ou melhor, para a segunda categoria, aqueles sentimentos que decido compartilhar com o público por saber que os demais não cairiam tão bem à noblesse obligé social das massas, mesmo que minha palavra ecoe à superfície da superfície dessa massa, já que o juízo de um e o juízo de todos pode significar a mesma coisa. Após assistir aos filmes que me entreteram nesse final de semana, comecei a me sentir desamparado pela violência de Idi Amin, encantado pela magia de Almodóvar e, repentinamente, esclarecido pelo poder da película de Masagão. Logo, passado o final de semana e as interpretações filosóficas de curtos tratados de Russel, comecei a ler o livro de João Ubaldo Ribeiro pertencente à série dos 7 Pecados Capitais com a narrativa sobre a Luxúria, contada, supostamente, pela personagem CLB, que apenas enviou as fitas gravadas com seus contos deliciosos sobre a liberdade e a sadia libertinagem sexual – tanto dos homens quanto das mulheres, mas no caso contada da perspectiva da personagem, de longe a minha favorita até agora.

Antes de me deparar com A Casa dos Budas Ditosos, já tinha conhecido uma pessoa assim. Quer dizer, não bem conhecido, mas topado por vias virtuais (santa humanidade, e eu nela, que já alienada experimenta conhecimentos e reconhecimentos por vias virtuais mais do que as reais), através do orkut, nas fases em que navegava o sítio diariamente. Em uma comunidade de debates chamada “Fantasias, Taras e Fetiches” existia uma menina que, como CLB, eu nunca saberei provavelmente se é que existiu de verdade, chamada Fernanda Zarpelon (não sei se dois ‘éles’ ou um, e se publico o nome é porque, pelo que eu entendi de seu perfil, não haveria porque escondê-lo). Essa lady contava não as suas fantasias, mas supostamente o que tinha vivido em sua sexualidade plena. Influenciou meus pensamentos até mais do que deveria. Lendo suas palavras eu delirava, não apenas de tesão, mas refletindo possibilidades, refletindo meus próprios conceitos, pré-conceitos e a visão que tenho da sociedade. Eu sou um safado, e a quem melhor me conhece, vale a intenção de dizê-lo, mas também admito que tenha os meus conceitos pré-formatados e sou mais liberal em fala do que em vias de fato. O que Fernanda escrevia, desde incesto a relações sexuais entre maiores e menores, sexo com estranhos, sexo com “meninos de rua,” professores, perversões diversas, bissexualidade, sadismo físico e psicológico, surubas a 3, 4, 5 ad infinitum e outras, eram delícias aos olhos… Fazer, são outros quinhentos. Mesmo mais de meio século passado desde que Russel ditou “a sexualidade é o único assunto sobre o qual o ser humano é ainda irracional,” é raro encontrar pessoas que tenham atuado todas as suas fantasias. Nanda Zarpa, como se dizia quando me agradeceu por algumas palavras escritas em sua defesa na comunidade – esta composta pela mesma maioria que ainda nos rege contra a vontade – tinha esse dom de me fazer pensar intrinsecamente em suas palavras, questionando minha existência sexual, meus dispêndios energéticos, minhas atividades gerais etc.

Compus em sua homenagem, com meu irmão, uma canção que segue assim:

You over there where I can’t reach
Sitting ‘tween letters and tricks
Commas mispelled by distraction
Can make your words seem to drift

You, who mistake my attention
Behave in unexpected ways
You when you say what I can’t hear
Conquer my heart at its stake

Oh, girl
Girl I can’t see
Do you exist?
Will you talk to me?
Or will I stay always unanswered like this?

You once again with your writings
Reduce all my minds down to one
Tearing my eyesight to seek you
And that’s why I sing you this song

Oh, girl
Girl I can’t see
Do you exist?
Will you hear me?
Or will I stay always as blind as can be?

Enfim, só para demonstrar que seus contos, sua naturalidade, a forma que oferecia os assuntos mais complexados, os maiores tabús, como se fossem relatos normais (e, se pensarem bem, são), me deixavam completamente hipnotizado, e mesmo sendo ela o próprio João Ubaldo – ou CLB – pelas similaridades entre os relatos, e mesmo sendo algo estritamente platônico, foi algo que, inexplicavelmente, me fez refletir intensamente. Agora, com o livro de Ribeiro me ocorreu a mesma coisa. Prostrar-me perante Vênus, a regente de meu signo astral, e se sou incrédulo em astrologia, sou como Márquez “y que las hay, las hay.” Procurar desvincilhar-me de minhas próprias limitações e cabecinhas paralelas, em ritos que apenas dizem respeito a mim e a quem comigo compartilhá-los.

Assistindo ao documentário de Masagão “Nós que Aqui Estamos, por Vós Esperamos” acredito ter descoberto algo sobre a humanidade que eu antes não sabia. A humanidade não é uma merda. A humanidade é uma criança, um infante de fraldas, que pode tanto brincar e montar casinhas de bloco, dançar, cantar, jogar, pedir e dar carinho, quanto bater, cospir, xingar, torturar, matar e destruir aos demais e a si. Uma criança que, confrontada com os próprios sentimentos conflituosos, pode resolvê-los e produzir, ou reprimi-los e extravasar-los a outros cantos, ou outras possibilidades que agora não me ocorrem. A única realidade, é que a humanide pode ter “1, 2, 3, 4 pernas” como Garrincha e Astaire, ou pode ter bigodes ralos ou fartos e sonhar com a data da própria morte. Em maior parte, e vocês lerão isso de mim, a humanidade compõe-se de “Hans e Anna,” um soldado, a outra trabalhadora da indústria bélica alemã à época da Primeira Guerra Mundial. Ou seja, composta de seres individuais, crianças, que, apenas procurando a melhor possível qualidade de vida, formam a história da humanidade e a espelham em suas reações ao universo que os acolhe.
A humanidade é apenas uma criança… Triste admitir isso, eu não sei se é. Melhor do que acreditar que somos uma merda. Responsáveis, sim, e se precisamos “crescer” não falo em adquirir pudôres ou comportamentos obedientes, e sim amadurecer toda essa miscelânea de valores culturais pseudo-imaculados que nos assola, e enfrentar nossos próprios sentimentos com a maturidade requerida. Parece impossível pensar nisso atualmente. Não é necessário que todos sejam multi-sexuais e gostem de incesto, mas é necessário que os sentimentos existentes sejam analisados com a coragem que precisamos ter para assumir a responsabilidade inata sobre nossa liberdade, seja ela sexual ou social, ou de qualquer outro cunho ramificado.

Hoje sinto-me assim, escrevendo mais 3 páginas, admitindo que são longos meus textos e que poucos os lêem, e sabendo que não sou eu quem escreve muito, e que o problema não é a Internet, e sim a fase que vivemos em que as letras não passam de uma percalço ao entretenimento instantâneo de nossas atuais gerações, tanto as joviais quanto as mais maduras. E hoje, agitado, taradinho e até, de certo modo feliz, mesmo não tendo dormido tão bem, mesmo com uma hérnia que relembra o Alien saindo do corpo da Ripley, pergunto-me: Será que aprendi algo novo? Algo que ainda, na verdade, não aprendi? O que é esse algo?

A maior virtude da filosofia, de boteco ou virtual, não é encontrar respostas permanentes e términas, mas sim encontrar questões flexíveis e atazanadoras.

Força ao Indivíduo e sua liberdade!

Aos abrax,

RF

PS: Semana que vem tem mais “O Segredo de Minha Irmã” seja lá o que sair disso.

5 comments:

Anonymous said...

Roy!!!!


Sem palavras, são tantos questionamento que até me deixaram zonza...


Beijocas

Anonymous said...

Intenso. :)

Anonymous said...

Não sei se consegui acompanhar todos os caminhos das sua elucubrações, mas também não diria que a humanidade é uma merda. Só que deve ser, pelo menos, uma doença irritante que acometeu o planeta(rs)

Um abraço.

Roy Frenkiel said...

Peninha nao te-las acompanhado, Halem :-(

abrax

RF

A felicidade é um estado de espirito said...

muito legla o seu espaço, gostei muito das coisas que li e principlamente do titulo bjs!!