Wednesday, October 13, 2010

Idiotas, Imbecís e Bobos – Escândalos Políticos Universais

Se algum dia se depararem com algum estrangeiro criticando personagens políticos como Tiririca, o finado Clodovil ou a reelegibilidade de políticos como Fernando Collor de Mello ou Paulo Maluf, citem os seguintes quatro casos de personalidades políticas nos Estados Unidos para traçar o parâmetro universal da estupidez humana. Está certo que essas figuras aqui não ganham tanto território quanto no Brasil (apesar da boa notícia da rejeição massiva de Collor no Alagoas, um bom passo adiante), mas existem e não são raras. Ao menos uma das “otoridades” aqui mencionadas pode chegar a cargos insustentáveis no poderio estadunidense, conforme podemos observar:

4 – Sarah Palin – A ex-candidata à vice-presidência no bilhete de John McCain é a epítome da banalidade política institucionalizada. Entre os casos aqui exemplificados ela é a personalidade que mais longe pode chegar em sua carreira política apesar de ter exposto todo seu brilho no último ciclo eleitoral. Nos meses seguintes à derrota, membros de sua campanha se pronunciaram e explicaram o quão difícil foi trabalhar com um dos atuais símbolos do Partido Republicano. Difícil justamente pela ignorância política da mesma, pela dificuldade de memorizar nomes corretamente e pela extrema dificuldade de discorrer sobre temas politicamente carregados. Palin é famosa por frases como: “Claro que sou capaz de lidar com a política externa do país, eu vejo a Rússia do quintal da minha casa!” Além disso, Palin já fazia parte de um inquérito sobre sua conduta ética quando governadora do Alaska. À época pressionou e pediu a demissão de um oficial de justiça por um caso pessoal envolvendo o oficial e a filha de Palin. Suas filhas, aliás, sempre dão o que falar. Enquanto Palin se gaba por ser mãe de familia e exemplo vivo de moralismo e ética familiares, suas filhas, especialmente Bristol, aparecem e expõem ao público quanto controle a mamãe tem em sua própria casa. Bristol já engravidou aos dezesseis anos, foi abandonada e depois re-assumida pelo jovem pai, e sempre reaparece como bom ou mal menino para infernizar a carreira pública de sua sogra.

3 – Christine O’Donnell – Candidata republicana ao Senado em um estado onde quase nunca houve incumbentes republicanos, O’Donnell foi a primeira política “desoberta” por Bill Maher. Aliás, no filme “Religulous” produzido pelo comediante, a candidata de Delaware torna-se um dos exemplos clássicos sobre a mistura de crenças individuais e a legislação de determinados estados é a história da candidata. O’Donnell já participou de um grupo de “bruxas” (Wiccans, uma religião pagã suficientemente popular em alguns estados do país), e apesar disso ser um detalhe sórdido em sua vida agora pública, não é o unico. O’Donnell é também contra a masturbação, algo que usou como mote em sua própria campanha eleitoral. Seus valores pesadamente religiosos tampouco fazem o fim de sua linha. A candidata ao Senado encontra supostamente recorreu a verbas de suas campanhas para uso pessoal. Na semana em que mais arrecadou verbas, inclusive, não teve uma única propaganda produzida. É, aliás, o único escândalo ao qual ela não quer referir-se e sobre o qual não dá mais entrevistas. Afinal, a primeira coisa que sai de sua boca em sua nova propaganda política é: “Meu nome é Christine O’Donnell, e não sou uma bruxa.”

2 – Carl Paladino – governador republicano de Nova York, criou uma aliança com um grupo de rabinos ortodoxos de seu estado para denunciar os impropérios do homossexualismo. Em seu discurso, rodeado de ultra-ortodoxos judeus com seus chapéus e roupas pretas e barbas selvagens, Paladino disse que não queria transmitir a imagem que seu estado considera homossexuais e “pessoas normais” o mesmo. O governador foi enfático ao dizer que seus valores familiares não compartilhados pelos liberais e progressistas em Washington lhe dão suficiente autoridade moral para condenar o homossexualismo, seus trajes inconvencionais e seu comportamento libertino. Ainda teve a coragem de citar, explicitamente, que o sucesso da comunidade heterossexual e o sucesso de indivíduos homossexuais não se equiparam. Em outras palavras, o homossexual jamais poderá ter uma vida bem sucedida pelo simples fato de assim sê-lo. O maior escândalo não está em suas palavras preconceituosas e o fato de que Paladino criticou os trajes de homossexuais rodeado por urubus ultra-ortodoxos que parecem ter saído da Holanda do século 18. Paladino teve uma corrente de e-mails exposta na qual o governador enviava fotos e vídeos de bestialidade (sexo com bichinhos inocentes) para seus colegas e amigos. Além disso, recentemente teve sua “segunda família” descoberta pelos rivais políticos. Sim, Paladino, o lider em questões de cunho moral não só tinha uma amante, mas uma família secreta.

1 – Rich Iott – É o segundo político republicano às vésperas das eleições gerais nos Estados Unidos “descoberto” pelo comediante Bill Maher. Rich Iott só leva o prêmio de primeiro lugar porque seu escândalo é imperdoável para qualquer base no país. O candidato a Representante do Congresso tem um hobby peculiar: Como gosta de história, pratica encenações de episódios épicos. No entanto, o personagem que encenava era o típico soldado da SS ou da Luftwaffe, o exército e a força áerea nazistas. Iott disse que iniciou seu ciclo no grupo conhecido como Wikings (wikings.or é seu portal, se é que já não foi retirado do ar), para conectar-se com o filho adolscente. O repórter de Bill Maher foi o primeiro a falar sobre o tema, e agora o candidato está queimado na via pública por todos os meios de comunicação. Apesar de Iott declarar que não é nazista e não simpatiza com sua filosofia, em sua entrevista consegiu cavar buraco ainda mais profundo quando disse que sempre esteve fascinado que um país geograficamente limitado tenha conquistado tantas coisas “incríveis” de um ponto de vista “estritamente militar”. Daí para “os nazistas foram incríveis” nos anais midiáticos foi menos de meio passo.

Claro que há outros casos, e certamente há casos envolvendo políticos de ambos partidos. Esses, no entanto, provavelmente resumem a espécie de ignorância política à qual temos de nos acostumar. Quem sabe essa imagem melhore o conceito que as pessoas tem pelos Estados Unidos. É um critério a menos a se emular, ao menos.

RF

1 comment:

Fátima said...

Nossa, falou da vida de meio mundo, heim?