Originalmente publicado no Achei USA
http://www.acheiusa.com/acheiusa/achei-colunistas-roy.asp
A água enxagua, da nascente, rostos, nomes sem sobrenomes, os pés calejados e as mãos açoitadas dos trabalhadores. Chega tórrida, porém opaca. Equivale-se a mil rios, cem córregos, dezenas de lagoas cerradas. Cái sem emoções, mas emociona, atrai chorumelas de valentes e inválidos.
A neve congela, do topo do mundo, o mundo todo. Em flocos amorfos ou poli-formes, aos lábios secos refletida, engole, esmaga e se alastra pelas ruas da cidade pacata. Queda pacata, hipnotizada pelo branco sem fim. A vida, tão frágil, se encolhe perante o gelo. A morte repentina seduz os fracos ou impávidos corações.
Os ventos sopram, da cerne de suas curvas, as folhas das árvores, a madeira dos cartazes, a fiação dos semáforos e chapéus que, aflitos, soltam-se sem direção. Alopram a visão da realidade intensa, vão e vem sem considerações específicas, sem rumo qualquer. Cospem, às testas de porteiros, motoristas e donas-de-casa, letras invisíveis de temor e ódio.
O fogo queima, quando queima, sem apagar. Carcome bosques, árvores colossais, velhas ou novas raízes. Baila sempre em pleno espirito, e jamais desiste de se arrastar, a tapas, pelos planos horizontes. Não enxerga o que transformará em carvão, se a casa do rico ou o barraco do miserável. Apenas queima, e arde por assim fazer.
Ciclones, furacões, tornados. Enchentes. Geleiras geladas. Fogo ardente. São as forças da natureza, mas não todas, meu amor. Por mim, que essas que deixam casas sem teto sejam força, não conduz contradição. Mas por que, e por que diriam, apenas forças que se esforçam sobre nós, formigas em um planeta mundano, e destroem tudo que veem pela frente, por que apenas estas são as forças da natureza, e não o que, internamente, adocica corações amargos? O que de nós faz sobre os outros.
Mais forte, e muito, meu amor por ti. Minha riqueza quando tenho-te em meus braços, minha imaginação quando capta teu semblante cuja beleza, inimaginável, apenas reflete-se vagarosa e desajeitada nas costas do cérebro astuto. Minha flora, minha fauna, a razão ilícita, a lucidez exótica, minha por ser tua, minha por me aceitares como teu.
A chuva, a neve, os ventos e o fogo levam, mas tu me trazes. E se não trazes, não haveria o que levar, ou eu não haveria de me importar. Força mesmo, sobrenatural, talvez, e por isso não inclusa, é esse amor, que roi, que doma, que morde, que corre, que deita, que rola, que vem e nunca se vai.
Friday, February 13, 2009
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7 comments:
não há força mais sobre e natural que o amor - amor seja do jeit que for!
Mas menino! Que texto mais belissimo! Forte, cheio das mais belas imagens literárias e ainda por cima falando de amor! Bom por demais!!!
Beijo!!!
(Escuta, onde vc está? Ainda em BH?)
Te amo demais!
O amor é lindo! O amor é tudo! Viva o amor!
Com aquela intensidade e vibração que fazem da poesia um vero hino ao amor!
Divinal!
Menino!! Parabéns pelo texto e por esse sentimento!! Coisa linda de se sentir, ver e neste caso, ler sobre ele. Beijus
Tô com saudades, garoto. Quando volta?
beijo.
Olá Roy,
bem bonito o texto
venho também para falar da ausência dos re canto s, então moço não tem muito sentido continuar com eles lá no eixo do bem, né mes?
inté mais
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