A sensação
Foi uma noite linda.
Acompanhando, perplexo, desde as 5 PM, testemunhei uma corrida presidencial que começou às márgens estaduais de George W. Bush v. John Kerry, e transcendeu a façanha descomunal quando Barack Obama passou a vencer estado trás estado vermelho, até terminar com uma esmagadora maioria de Votos Eleitorais, e mais de sete milhões de votos a mais do que seu rival, John McCain.
Quando Obama venceu Ohio, a multidão que se assentava em Grant Park, Illinois, respirou aliviada. Mais de 125 mil pessoas ansiosas, à espera de um resultado diferenciado, finalmente puderam constatar que o democrata venceria em grande escala, conforme o esperado. O público republicano, insistindo na negação das pesquisas às vésperas das eleições, compreendia que a luta de McCain tornara-se mais complicada do que o desejado.
Assim que o senador democrata alcançou os 270 Votos Eleitorais, a população explodiu. Não falo apenas da qual assistia à televisão, os fãs de Obama acampando no bairro do Harlem, em New York, ou aqueles que ansiavam a chegada do futuro presidente, em Grant Park, Illinois. Falo de meus vizinhos, minha rua, a calçada de minha casa. Tudo se movimentava, todos gritavam, tiros, fogos de artifício, estalos de 4 de Julho, celebrando o dia em que os Estados Unidos provou ao mundo e a si mesmo que suas barreiras raciais foram derrubadas.
O país ainda enfrenta, enfrentará, conflitos raciais, e isto deve ser bem notado, mas para qualquer nação, o dia em que seu presidente possa ser branco ou negro, a muralha estóica é destruída, e a humanização de cada vez mais segmentos sociais ocorre paulatina, mas segura. Falta ainda a barreira feminista, mas até nesse ponto a imagem de um presidente diferente dos outros 43 passados, com um nome claramente estrangeiro, filho de imigrante e mãe solteira, órfão, criado com seus avos maternos, beneficiará a diversidade nacional, e a aceitação de toda e qualquer espécie de candidato.
Não é de se espantar que tenhamos visto o lider de movimentos sociais negros, Jesse Jackson, chorando em Grant Park. Ou Oprah Winfrey, debruçada sobre o ombro do acompanhante, completamente deslumbrada com o que via. Não é de se espantar que homens, mulheres e crianças tenham se reunido vividamente, como nunca antes na história de suas vidas, para lembrar que há 150 anos atrás qualquer deles podia ser escravo de outrem, e, hoje, um de seus representantes é o presidente da nação.
Nesta manhã, vindo ao trabalho, vi rostos felizes, sorridentes, crianças gritando o nome de Obama. É realmente algo lindo, puro e intenso. Inédito, em todos os sentidos. Os âncoras e apresentadores da noite eleitoral na CNN, MSNBC, NBC e Fox News mantiveram-se chocados por tanto tempo, que acredito que até agora a ficha não caiu. Aliás, está sendo lentamente absorvida pelo sistema digestivo da nação que arriscou, e espera o resultado da aposta.
Hoje acordo orgulhoso dos Estados Unidos. O povo mandou uma mensagem alta e clara ao seu governo. Resta esperar que o próprio povo saiba ser melhor, logo melhorar, as condições do país em todos seus setores. E, é claro, resta esperar a liderança de Barack, orgulhosamente Hussein, Obama.
A Batalha
O sucesso de Obama foi praticamente selado em duas frentes. Primeiro, garantiu a vitória em Pennsylvania, o único estado azul onde McCain tinha chances concretas de conquistar terreno democrata por uma série de desventuras ocorridas à época das preliminares. Logo, conquistou o estado vermelho de Ohio, e seus 20 Votos Eleitorais. Não havia um estretegista republicano sequer que não admitisse o que isto significaria ao candidato do partido conservador.
Em seguida, Obama conquistou Iowa, mostrando vantagens miúdas em outros estados vermelhos: North Carolina, Virginia e Flórida. O candidato democrata foi declarado vencedor em Virginia e Flórida aproximadamente às 11 PM, horário de New-York. North Carolina, com 100% dos votos contados, mostra uma leve vantagem do democrata.
O resto é história... Obama conquistou os vermelhos Colorado e New México, mas teve sua vitória anunciada quando varreu a costa oeste, vencendo na Califórnia, em Oregon e no estado de Washington. Neste momento, houve poucos habitantes nativos indiferentes à mudança climática. O senador pelo Illinois fazia história.
Democratas também venceram o Senado, ganhando 5 assentos, e mantendo a margem majoritária de 56 a 41 postos. No Congresso, democratas ganharam 18 assentos, aumentando a grandiosa margem da liderança de Nancy Pelosi com 252 a 173 representantes. A mensagem nacional é mais alta do que se imagina. O povo pode não ter dado aos democratas uma maioria indestrutível, mas outorga ao presidente e seu governo o direito de governar com folga em poder.
Barack H. Obama, presidente eleito, venceu por 338 a 161 Votos Eleitorais, com 39 ainda indecisos.
O Futuro
O futuro da nação é indefinido. A guerra no Iraque parece infindável, e a guerra no Afeganistão dá a impressão de sequer haver iniciado. A economia apenas esboça o que serão meses difíceis, de desempregos recordes e cortes orçamentais severos. Os eleitores esperam milagres, mas não podem se esquecer de que o verdadeiro milagre só pode, deve, promete vir do povo.
O futuro do blogue está selado. Até o dia 20 de Janeiro, dia da transição presidencial, minha casa será chamada de Obama e a Metaformose Nacional. Depois disso... Ora essa, depois disso, amanhecerá e veremos!
Abraxão a todos que até hoje me acompanham, e obrigado pela leitura.
RF
Wednesday, November 05, 2008
Senhoras e Senhores, o 44º Presidente dos Estados Unidos: Barack Hussein Obama
Essas Palavras Vos Trazem
Barack Obama,
Grant Park,
Jesse Jackson,
John McCain,
Oprah Winfrey
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5 comments:
Doce sabor de ganhar este GreNal! O mundo é azul em todos os sentidos!
Quanta emoção, né Roy!
Nada como a esperança vencer o medo.
Yes... vocês podem!
Yes... nós podemos!
Yes... o mundo pode!
Re
Desde que acordei tou tentando vir aqui. Se hj é dia de vitória, se hj é dia do povo americano, se hj é dia de Obama, hj tb é dia de Roy!
Valeu tudo, queridinho.
E tá valendo a manutenção da esperança! Muito mais que o próximo porteiro, Obama faz história.
Beijoconas!
Momento bonito, sim, Roy. Texto ótimo. Agora é torcer pelo Obama e por este país.
Bjs
Roy, você cometeu um puta blogue! Pena é o deixar por tanto tempo. Ótima cobertura, bons textos (claros, principalmente).
Parabéns pela vitória! Nós aqui também entendemos que o momento é histórico.
Abraço forte!
eu li! eu li! eu li! e fiquei emocionada! foi linda a festa, hein, menino? mas ainda acho que o partido democrata deveria ser vermelho, a cor da paixão, a cor da revolução ;-)
beijão
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