Monday, June 16, 2008

Lembretes e novidades cruciais



Mesmo hollywodiano, o filme “Lions for Lambs” do diretor e ator Robert Redford, contém algumas cenas cruciais para a compreensão básica do significado de determinados movimentos políticos nas grandes capitais do mundo ocidental. Neste caso, fala da Casa Branca, mas bem poderia ser um retrato heterógeno de qualquer outra nação. Na cena em que a personagem de Meryl Streep entrevista o senador encarnado à pele de Tom Cruise, o diretor pinta o retrato da dificuldade de jornalistas a penetrar as mentes dos regentes federais.

Experiente, a repórter sabia que o senador apenas intensificava suas ações oficiais com a intenção de uma futura candidatura à presidência. Porém, ao término da cena, o senador se vira à repórter e diz o que ela já sabia que diria em resposta à sua pergunta: “Não tenho a menor intenção de concorrer à presidência.”

Muitos políticos mudam o rumo, ou aderem a uma corrente em prol de futuros políticos promissores, mas poucos admitem a mera idéia de concorrer à Sala Oval. Tim Russert tinha essa característica vulgar de fazer essa pergunta de “900 métodos diferentes” (palavras de James Carville, assessor da campanha de Hillary Clinton esse ano, quando preparava a senadora por NY à entrevista no Meet the Press há dois anos):

“Você tem interesse de se candidatar à presidência?”

Pois, Hillary Clinton e John McCain jamais admitiram suas intenções quando, à época, apenas mexiam pauzinhos no Senado a elevar-lhes a popularidade. Nesta mesma época, Clinton disse que não tinha a menor intenção de se candidatar à nomeação Democrata, e McCain disse “Tim, você saberá aqui antes.” Já Barack Obama, quando questionado pelo leão:

“É justo dizer que você ao menos pensa em se candidatar à presidência?” Obama respondeu:
“É justo, sim.” Abrupta e seriamente.

Nesse mesmo estilo, questionado por Russert no passado, McCain admitira em duas distintas ocasiões que não tinha experiência política quanto lhe sobrava experiência militar. Confrontado mais recentemente no programa Meet the Press, o senador pelo Arizona teve de “explicar” o que “pensou” estar dizendo à época, já que atualmente postula ao cargo mais poderoso do ocidente.

Talvez Russert não possa mais contribuir com suas análises e apurações, contatos e respeito no mercado jornalístico e no mundo político, mas suas contribuições até o auge das primárias democratas e o início da corrida presidencial mais importante desde Al Gore e George Bush, com um jovem senador de Illinois de raízes Africanas concorrendo à Casa Branca contra uma lenda bélica estadunidense, são essenciais e não devem ser esquecidas.



Gallup

Usando das pesquisas do instituto mais confiado dos Estados Unidos, percebemos que McCain está virtualmente empatado com Barack Obama desde o 15 de Junho, com o senador por Illinois vencendo por 44-42% do senador pelo Arizona.

Uma pesquisa recente da Gallup demonstra que a percepção nacional da expectativa a quem será o próximo presidente dos Estados Unidos favorece Barack Obama. 52-41% das pessoas entrevistadas, com a margem clássica de erro de três pontos percentuais, prevêem que Obama derrotará seu rival republicano em Novembro.


Lieberman

Joe Lieberman começa a causar problemas ao senador Barack Obama com a comunidade judaica da Flórida. Amigo e companheiro de McCain, o famoso “vira-casacas” do partido Democrata, que trocou de partido e credenciou-se Independente com a intenção de permanecer no Senado em 2006, Lieberman faz dos poucos assuntos em que diverge com a candidato democrata seu tema central quando fala com o grupo que mais influencia desde os primeiros dias de sua vida política. A guerra no Iraque, a postura liberal de Obama a respeito do Irã e de outros países inimigos dos Estados Unidos, preocupam judeus e criam uma resistência cultural à sua aceitação, mesmo entre os democratas.

McCain insiste que quer uma campanha limpa, ou a mais limpa possível, e Liberman desmente os bem fundados “rumores” do campo de Obama de que tenha intenções de prejudicar o candidato rival.


Flórida

Enquanto isso, representantes do campo de Obama recrutam voluntários em toda a extensão da Flórida, conquistando a maioria desses de cidades universitárias, como Gainsville, há menos de três horas de North Miami.

Trabalhando pelo apoio da comunidade judaica, o campo democrata sabe que esse será seu maior desafio em um estado chave às eleições presidenciais do dia 4 de Novembro.



RF

5 comments:

Anonymous said...

E como pensa essa desafiadora comunidade judaica da Flórida. Como pensa a comunidade judaica dos EUA? Quais são as principais virtudes e os principais defeitos dos candidatos sob o ponto de vista desses, cujo papel nesta eleição pode ser tão crucial. Fiquei curiosa e acho que, sobre isso, poucos podem responder como voce, né? Beijo, lindo!

Marcelo F. Carvalho said...

Mas "eternizar" a guerra no Oriente não gera cada vez mais ódio ao Ocidente e, por tabela, Israel? Ou há mais benefícios que ônus por baixo desse tapete?

pseudo-autor said...

Obama talvez seja a última oportunidade, depois de tantas que os EUA jogaram fora, de tentar ser um país ético. O problema é a própria história do país: estará a nação americana preparada para um presidente negro? isso só o tempo dirá.

Roy Frenkiel said...

O texto de amanha respondera - ao meu ver - a maioria dessas duvidas.

aos abrax e beijuxxx

RF

Jens said...

Roy:
Aqui também o pessoal resiste a assumir uma eventual candidatura. Em princípio, ninguém é candidato a nada. Porém, se as "bases" assim o exigerem... sacumé, são todos "soldados do partido".
Um abraço.