Sistemas e Conceitos

Individualismo, no contexto do blogue, tem uma mensagem que, apesar de não original, parece desusada. O comunismo, em grande parte, tampouco existiu no contexto Marxista literal. Foi provado, posto à prática, e falhou? Pessoalmente, não acredito que tenham tentado, e se tentaram, o Individualismo aqui pensado pode explicar porque nunca surtiu o efeito desejado. Afinal, o sistema, a sociedade, o governo, são apenas palavras que representam grupos de pessoas, seja o nosso, ou os demais. Grupos que, supostamente, servem para que nos organizemos quando em massa, para que nosso dia a dia não fique mais complicado do que já é. O problema jaz justamente na massificação, na transformação de pessoas em conceitos, como ‘sociedade’, regidos por um ‘sistema’. Retirando o conceito, o que nos resta? Pessoas. Indivíduos, cada qual com seu passado, seu presente, e prospectos ao futuro.

Portanto, entende-se que, se o Comunismo não funcionou, o motivo pode estar enraizado na percepção individual dos formadores dos ‘governos’ que tentaram, e nos valores gerais da população. Um exemplo, é a opção clara que teria a maior parte da humanidade, caso tivesse a escolha entre poder lutar por luxos, ou nunca tê-los, mas nunca precisar se matar para o mais básico. A maioria de nós adoraria ter carros zero-quilômetro, possuir uma casa luxuosa, uma banheira com hidro-massagem, comer caviar e lagosta todo fim de semana, comprar o computador ou dispositivo eletrônico que TODO MUNDO precisa ter, o mais moderno, o mais avançado, o mais caro... Usar roupas de marca, sabonete e shampu também, perfumes então, nem se fala... Ludibriados pela quantidade crescente de inutilidades pintadas em neôn, optaríamos, em grande maioria, pela mera possibilidade, mesmo ilusória, de possuir sobre não poder possuir, mas ter o básico, sempre aqui citado como água, comida, moradia, saúde e educação.

Vivendo desse modo, acontece o que também citei no texto passado. Por exemplo, vocês provavelmente sabem que as vias cibernéticas são gratuítas para quem apenas tiver como captá-las. Gratuitamente, ou no máximo pagando um parcela anual, poderíamos com facilidade ter acesso total à Rede Cibernética. O mesmo ocorre com a TV via satélite ou cabo. A maioria dos programas podem ser captados com um aparelho que pode, clandestinamente, pertencer a ti e ao teu vizinho. Mas, o aparelho é ilegal. Chave-de-cana por assistir televisão? Sim... O absurdo nisso é que não seria necessário, a companhia não nos provê nenhum serviço que não pudessemos fazer sozinhos. É mais ou menos como cobrar uma parcela cada vez que usamos um martelo, ou uma serra-elétrica em nossas casas. Pagaríamos uma soma módica às respectivas companhias, por usar aparelhos que já compramos e nos pertencem por direito...?

Pagamos impostos, e nunca sabemos exatamente onde nosso dinheiro se aplicou. Se nos negarmos a pagar impostos, chave-de-cana. Logo, reclamamos quando as leis nos prejudicam, e o que fazemos? Sabemos que a previdência precisa ser reformada para que a maior parte da população brasileira, por exemplo, possa usufruir dos mesmos direitos que usufrúem uma minoria de ultra-beneficiados. Alguém vive em função dessa reforma? Alguém pensa nela mais do que de vez em nunca? O mesmo ocorre com todas as demais áreas. Quando as regras e as leis nos prejudicam, fazemos alguma coisa? A pergunta seria: Há o que fazer? Minha resposta: Não sei, mas se não procurarmos fisicamente, não acharemos metaforicamente.

No fundo, nos perdemos em um amontoado de meros conceitos, e as pessoas que formam o concreto quedam quase sempre inalcançáveis. Reclamamos do sistema, mas fazemos parte do mesmo. Votamos em nomes impressos em cartelas, e em atores representados nas televisões ou entretendo pessoas em palanques políticos, mas pessoalmente, a maioria nada ou pouco faz para uma concreta melhora.

Pois, penso que isso é o que nos condena. Não o ‘capitalismo’ selvagem, praticado por primatas primitivos, nem o sonho do ‘comunismo’ e de nada adiantaria que houvesse ‘anarquia’ enquanto há porcentagens de analfabetismo (mundialmente) enormes respingando dos olhos das populações. O que nos condena, é o excesso de ‘órgãos’ e ‘instituições’ públicas, como se prédios ou títulos fizessem a diferença. A diferença quem faz, e nós adoraríamos que não fosse assim (que não precisasse ser assim), somos nós. Se não a fizermos, ninguém as fará, e precisamos começar INDIVIDUALMENTE.

RF