Anunciaram recentemente que na Califórnia a proibição ao casamento entre pessoas do mesmo sexo (a chamada Proposição 8) foi efetivamente cancelada e julgada inconstitucional pelas normas do estado. Um passo para frente à futura geração de homossexuais foi mais uma vez dado, dessa vez no liberal estado da Califórnia que tem a cidade de São Francisco, talvez a mais gay se não contarmos South Beach. Historicamente, “If You’re Going to San Francisco,” de Rodney Atkins (“Se você vai a São Francisco”) marca uma geração que sabia que “encontrar pessoas gentis”, ou homossexuais no linguajar poeticamente correto da época na cidade californiana, era a regra da região.
O mesmo passo foi dado adiante na América Latina iniciando pela Argentina que, em 22 de Julho, legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A população brasileira ainda se divide e, de acordo com o centro de pesquisas, anda na margem de erro favorável a um ou a outro. Porém, o mundo parece mudar em um sentido de quebra de parâmetros com a constante diminuição do “outro”. O “outro” nos Estados Unidos, terra que supostamente aceita todos e tudo – o que é intrinsecamente debatível – era o homossexual, e ainda que a tendência mundial com a saída de George W. Bush da Casa Branca fosse inclinar-se ao liberalismo, isto não ocorreu dentro do país como o esperado.
A “esquerda” ainda assim ganha forças com o crescimento do liberalismo, de certo modo, mas este liberalismo no sentido de comportamento social não é uma simples questão de paradigmas políticos.
A maioria das pesquisas que vi em distintos países mostrava uma clara linha fina entre aqueles que apoiam o casamento entre pessoas do mesmo sexo e os que contratriam. A discórdia social sobre o moralmente correto é ainda questionável. Ainda há muitos em qualquer dos países que total ou parcialmente legitimaram o ato homossexual que contrariam moralmente a regra por motivos religiosos ou simplesmente normativos. Em cidades rurais da própria Flórida a menção da homossexualidade pode ser punida com a morte. A realidade é menos engraçada do que a retratada no cinema.
A diferença é que a lei está finalmente cumprindo sua função e institucionalizando o “outro”, assim conformando-se à pura realidade, algo que ainda há de ser feito em relação a tantas outras áreas em tantos outros lugares do mundo. Talvez outra diferença do atual neo-liberalismo seja a transição do passado otimista apesar de positivista ao que finalmente cria ideias (como a comunicação via Internet) tão poderosas que recriam, por si, uma nova realidade mundial.
Assim, ainda acredito que independente das pesquisas a grande maioria já aceita menos “outros” e mais “alguéns” em suas vidas no mundo todo do que em qualquer outra época que pudermos citar em nossa ínfima história.
Transparece daí que pessoas de cores diferentes, de religiões diferentes, de etnias diferentes e preferências sexuais diferentes são as mesmas perante a lei não apenas para a punição, mas também para os direitos que esta confere. Um passo grande em uma grandiosa caminhada que alguns já percorreram sozinhos, literalmente cruzando a pé os Estados Unidos, testemunhando gangues de Klu Klux Klan e ativistas negros discutindo a gritos e insultos cada um de lado da rua oposto, separados pela polícia, e onde foram bem recebidos mesmo sendo homossexuais até mesmo pelos mais inocentes opositores do casamento entre pessoas do mesmo sexo; um passo grande a ser dado não apenas por esses ativistas, mas por todos nós, em nossas mentes e corações, enquanto lutamos pelo “outro” enquanto o “outro” não se tornar nenhum de nós.
Aos meus amigos e amigas gays espalhados pelo planeta: Parabéns pela vitória, a guerra, pressinto, será vencida dessa vez.
RF
Wednesday, August 04, 2010
Ode a menos "outros"
Essas Palavras Vos Trazem
California,
casamento entre pessoas do mesmo sexo,
Prop 8
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